A rã explodiu

Os animais aquáticos ficaram assustados. Um fato perturbou a paz do brejo e logo outros animais se aproximaram. Falavam de uma rã que explodiu. A lontra falou que foi um raio que a atingiu. Mas não havia nuvem no céu, disse a capivara. O lambari disse que foi o sol quente. Era de manhã e o sol ainda estava frio, disse o cágado. Deve ser alguma coisa que ela comeu e produziu muito gás na sua barriga, disse a sucuri. Foi quando entrou em cena o jacaré. Não posso opinar porque vi a coisa de longe acontecer. As outras rãs dispersaram-se em silêncio. Um sapo, amigo da rã explodida, que acompanhou tudo de perto falou:

--A culpa é do touro malhado. Aquele que todas os dias vem beber água e pastar aqui perto.

- Como? Perguntaram todos.

- Ele é o maior touro da manada. E por isso sempre foi muito admirado todos, inclusive pela rã que era invejosa e muito vaidosa. Como na inesquecível história da rã e o touro de Esopo, ela queria ser do tamanho do touro. A miserável rã, evidentemente, não entendia. Mas, desejava ficar do tamanho dele. Todas as vezes que ele aparecia para beber água, ela dizia: ainda ficarei do tamanho deste boi ou até maior, você vai ver. Eu lhe dizia que o que ela queria era impossível. Que aquilo não ia dar certo. Ela nunca poderia ficar do tamanho de um touro. Era impossível. Ela, porém, não me ouvia e, não parava de pensar num jeito de crescer e ficar igual ao touro malhado ou maior. Se ela continuasse com aquela ideia megalomaníaca, acabaria morrendo. Mas, ela nem quis saber de meus conselhos e continuou com a ideia maluca de ficar do tamanho do touro malhado.

E aí aconteceu. Hoje, quando a rã viu o boi malhado bebendo água, achou que era a hora de ficar do seu tamanho. Tocada de inveja, começou a inchar. Estufou, estufou, estufou. Depois parou, e olhou para o touro se comparando. Para ter certeza, perguntou às outras rãs se estava tão grande como o touro malhado. Elas responderam: Não!!! Mas, quando viu que estava bem menor, ficou aborrecida. Pois mais força e inchou mais. E todas as vezes que perguntava as outras rãs, e tinha a resposta negativa, olhava para o touro decepcionada. Aí, então, enchia mais o peito de ar e estufava. Mas, vendo que o touro continuava bem mais volumoso que ela, ficou indignada. Não parou mais de fazer força e se estufou cada vez mais. Até que explodiu. Arrebentou-se em mil pedaços, em um pipoco só. No brejo, e em sua volta, choveu pequenos pedaços dela que se espalharam por todos os lados. Suas pernas ficaram penduradas nos ramos das tabuas, balançando ao vento. Para terminar o sapo disse:

Ela perdeu completamente o juízo, ao achar que poderia ficar do tamanho do touro malhado. Quem tenta parecer maior do que é, mutas vezes se arrebenta. Onde se viu isto?