Testes Para Um Casamento

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

Para os lados de Bom Despacho, havia um rapaz, em boa idade que deu de procurar (pela cidade e cercanias), alguém para compartilhar da sua felicidade...

A notícia correu o lugar, a região, o mundo com celeridade…

O moço apresentava as qualidades de um bom partido e choveu na sua roça - em pretendentes… mulheres a todo gosto.

— Loiras, morenas, ruivas… pleiteavam seu coração a lhe deixar em aperto (indeciso): não podia se casar com todas elas.

A princípio não firmou compromissos com nenhuma. Ia observando-as em banho-maria…

Daí lhe veio uma ideia sobre o que fazer: das muitas candidatas, escolheria três delas a fazerem um concurso. — Consistia no preparo de um almoço (feito por elas) oferecido a ele.

Os devidos testes seriam realizados em dias alternados. As participantes não podiam contar com o auxílio de terceiros no preparo das refeições, há ser servidas às 11h00.

Assim se fez…

De um tudo havia na sua casa para o preparo do almoço. A que, cumprindo o regulamento, se sobressaísse melhor na tarefa, seguiria para o cartório; se casaria com ele; — em festa nupcial.

Cenário preparado deu-se início ao combinado...

Às três moças selecionadas, que iriam participar do desafio se apresentaram para o grande teste; — cada uma no seu dia.

Não havia fogo aceso nas trempes, e nem lenha disponível no velho fogão. — De propósito mesmo.

As moças teriam que se virar como pudessem para realização o serviço.

O autor da proposta, possível esposo de alguma delas, ainda deu uma colher de chá: providenciou um machado e uma caixa de fósforos e os sobrepôs numa mesa que havia na cozinha da casa.

Entregou os apetrechos necessários para os trabalhos culinários, à primeira moça, e saiu de perto; ganhou às ruas da cidade. Só retornaria à casa, no horário estabelecido.

Qual a surpresa?

A linda garota da largada inicial tentou como pôde, e não conseguiu nem acender o fogo!

No dia seguinte, a segunda; esta pelejou, pelejou de todas as maneiras e, também não conseguiu.

Por fim, chegou a vez da última senhorita submeter-se ao grande desafio da sua vida.

Catou o feijão, picou as carnes, os legumes, o cheiro-verde providenciou acender o fogo.

— Olhou para um lado, para o outro, não viu a lenha, improvisou algo para a combustão...

Viu o machado sobre a mesa; não pensou duas vezes: lançou mão do bruto e picou a mesa em mil pedaços, com a ferramenta.

Sem contar com a ajuda de ninguém correu bastante e no horário previsto, a comida estava pronta e posta, a sair fumaça das orlas dos pratos.

O jovem entrou de casa adentro, o cheiro gostoso da comida feita no capricho, dominava o ambiente, ganhava à rua…

Aguçou-lhe os sentidos, acelerou seus desejos, salivava.

Ela, com toda a sua delicadeza apresentou-lhes as opções do almoço, as iguarias que preparou, o menu do dia.

Ele, ao ver tudo pronto, arrumado, conforme a norma do concurso, disparou-lhe o coração, dissipou-lhe a dúvida; e concluiu: o amor me fisgou pela boca!

Mudo, pasmado, ouviu a voz angelical da moça (com o pé no matrimônio).

— Meu querido, tudo está conforme a sua vontade… só não temos mais uma mesa para servir o almoço e almoçarmos.

— Temos sim meu amor…

Abriu uma porta ao lado, onde havia uma ampla sala; com mesa, cadeiras, armários, utensílios domésticos… tudo novinhos.

Restou-lhe ajuntar a sua alegria com a dela — e se tornar um só, naquela felicidade extrema…

Após o cartório (o enlace matrimonial), o banquete, a lua de mel sem fim…

*Nemilson Vieira de Morais,

Gestor Acadêmico/ Acadêmico Literário.

(31:0:19)