GATAS OU BRUXAS

Contava meu pai, que em um vilarejo da cidade de Nápoles, na Itália, por volta do século XIX morava uma família que fazia sapatos

Eles tinham muitos filhos e todos ajudavam o pai no trabalho. Lá também morava algumas senhoras solteironas e viúvas, que durante o dia falam muito e faziam fofocas.

A vila era pequena e pobre, mas todos se conheciam.

A família de sapateiros começava sua jornada de trabalho as sete horas da manha e paravam as sete da noite.

O Sr Luigi e seus filhos, Genaro, Domenico, Pietro, Luciano, Pasquale e Giuseppe e o mais moço o Giovane, todos passavam o dia em companhia de seu pai, correndo para terminar mais uma encomenda de sapatos.

No final do dia todos muito cansados, depois do jantar da Mama, dormiam como uma pedra.

Mas nas ultimas noites, foram acordados por miados e murmúrios de gatos...

Noites e mais noites, aquelas gatas em cima dos muros e dos telhados, pareciam conversar.

A vizinhança, saia e jogava água e dispersava a calorosa reunião felina.

Nas manhãs, quando o Sr Luigi e seus filhos começavam o trabalho, era evidente o cansaço por causa das noites mal dormida, causada pela reunião noturna da gataria.

Cansado, após tantas noites, o Senhor Luigi, toma uma decisão.

– Vamos acabar de vez com essas gatas.

Nessa noite, o Sr Luigi se escondeu atrás de um barril, e ficou a espreita com uma vassoura nas mãos, quando foi surpreendido com a primeira gata. Ela era enorme, e andava delicadamente sobre o muro.

Logo depois vem chegando outra, e esta mancava da pata traseira esquerda.

Surpreendentemente ela murmurou para a gata que já estava no Muro:

BUONA SERA!

— Uau! O Sr Luigi se arrepiou todo.

— Não é que essas Maledettas falam!!!

Saiu correndo para casa e contou para seus filhos o que tinha visto. Ficaram a noite toda com o ouvido colado na porta e na janela para entender o que elas falavam entre miados.

— Ouçam, elas se chamam de comadre, disse o Senhor Luigi.

— Não, ela só está miando esquisito! Disse um dos filhos.

— Não é conversa, é briga! Disse o outro.

— Mas, que vão brigar lá no mato e nos deixem dormir, disse Senhor Luigi já irritado!

No dia seguinte a família nem conseguiu trabalhar, tanto era o espanto e cogitavam quem poderiam ser aquelas bruxas.

Sim Bruxas!

Tiveram uma ideia:

— Vamos pegar uma gata e prende lá em uma gaiola até o dia clarear e ver o que acontece.

Naquela noite, lá vai o Senhor Luigi e seu filho mais velho Genaro. Foi só o relógio bater meia noite que as gatas começaram a aparecer. Genaro estava com tanto medo que até levou um martelo que usava na oficina.

Então a conversa da Gataria começou e Genaro apavorado arremessou o martelo na direção das felinas. Entre miados e gemidos, cada uma correu para um lado e acabou a reunião daquela noite.

O Senhor Luigi esbravejou com o filho, mas foram dormir.

No dia seguinte, logo cedo quando abriram a oficina, viram as velhas fofoqueiras da vila, choramingando, uma com um curativo enorme na cabeça, enquanto a outra mancava da perna esquerda e falavam algo sobre "martelo".

— Será? Um falou para o outro, acabamos com o feitiço!

Assim foi, na noite seguinte, quando as gatas começaram a aparecer no telhado, logo se viu que elas estavam machucadas, e reclamando muito.

Mas antes que o Sr Luigi e seus filhos se levantassem para dar outras marteladas, elas terminaram a reunião.

E essa foi a última noite das velhas que viravam gatas depois da meia noite.

Autoria: miriam rufino

miriam rufino
Enviado por miriam rufino em 08/11/2021
Reeditado em 09/11/2021
Código do texto: T7381345
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