Borboleta Sem Asas

Escutei que certa larva

Nunca quis ser borboleta,

Mas sonhava feito parva,

Mergulhava na mutreta:

"Sem as vãs e feias asas,

Voltarei a ser lagarta.

Que vitória mais perfeita!"

Exclamava, satisfeita.

Quando, então, divinamente,

Borboleta, enfim, virou,

Arrancou, profanamente,

A beleza que odiou.

Fantasia verde e preta,

Conseguiu o que queria?

Dormiu cedo, na sarjeta,

Afogada em poesia.

Moral da história: Quem sonha acordado, acorda dormindo.