O NOVO GALINHEIRO

MIAAAAAUUUUU! Eu sou um gato de arrepiar, e essa minha vida é mesmo de amargar, hoje eu não vim cantar, outra história vou contar.

Em cima do muro eu observo meu mundo de maneira peculiar, acontece cada coisa aqui, o que têm ocupado minha mente nos últimos meses é uma gata curiosa, com o pelo malhado e olhos hipnotizantes, ela fica em uma janela, já percebi que ela é manhosa, das minhas sete vidas a última ela vai levar, no fundo o que ela quer de mim é me arranhar, ela que se cuide, eu tenho “o pulo do gato”. Deixemos isso de lado, eu não vim falar dela.

Aqui na minha área aconteceu recentemente a inauguração do novo galinheiro, a obra foi entregue pela velha raposa e o cão de guarda, as galinhas ficaram em polvorosa com o espetáculo, durante o discurso a velha raposa insultou o galo administrador do antigo galinheiro que indignado não foi a inauguração.

Como é possível uma raposa inaugurar um galinheiro? Vêm comigo, o gatão te conta tudo.

A raposa apareceu aqui certo dia, levantando bandeira branca, durante a conversa, que se mostrou bastante diplomática com o cão de guarda, ela disse que deviriam encerrar todas as hostilidades, disse também ter descoberto que ela e o cão eram parentes de acordo com uma tal de Teoria da Evolução, aproximados por esse grau de parentesco, os dois chegaram a um entendimento de que as coisas deviam ser resolvidas de forma civilizada, sem selvageria. Isso é coisa de animais, disse a raposa.

A raposa apresentou uma solução com um nome diferente, uma tal de democracia. Já ouviu falar? Vendo as condições precárias do antigo galinheiro, sugeriu a construção de um novo, com várias melhorias tecnológicas, o cão viu que tiraria vantagem com está empreitada, fazendo com que seu serviço diminuísse consideravelmente e ele teria mais tempo para ficar deitado na sombra de sua árvore favorita; o pacto foi fechado entre os canídeos.

Eu fui convidado gentilmente para votar, mas achei melhor me abster. A eleição seria realizada de dia, eu passo minhas noites nos telhados, fazendo o que os gatos fazem, de dia a minha rotina é comer, dormir e observar a gata da janela.

Eu não vi nada de mais na proposta da velha raposa, não afetaria em nada meu serviço, tenho um contrato vitalicio com o galo, minha função aqui é caçar os ratos que moram em baixo do galinheiro, alguém tem fazer o trabalho sujo, eliminando esses roedores desprezíveis, e ainda consigo minha refeição diária.

O galo foi contra a proposta da raposa logo de cara, as galinhas no começo ficaram indecisas, mas já estavam insatisfeitas com o antigo galinheiro desconfortável e antiquado.

O resultado das eleições foi apertado, a velha raposa e o cão obtiveram a vitória sobre o galo, que não cantava mais em seu terreiro, mas ele continuou exercendo sua função de acordar a bicharada de madrugada.

Depois da inauguração a paz enfim reinou, o cão passa o dia na sombra descansando sua carcaça, o galo empoleirado no alto do velho galinheiro canta seu canto estridente todas as manhãs, as galinhas praticamente dobraram a produção, eu em cima do muro, sigo admirando a gata curiosa mais linda que meus olhos já viram. O que mais eu posso querer?

E a velha raposa?

A raposa, nunca mais passou fome.

Telly S M
Enviado por Telly S M em 26/05/2024
Reeditado em 27/05/2024
Código do texto: T8072136
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