MÃE

Natal, Dia das Mães...Presentes...era o que mais minha mãe gostava de fazer;dar presentes! E a cada um deles ela recebia todo o carinho que havia colocado no ato de procurar algo que magnetizasse quem o receberia...Eram dois atos de amor; amor de quem não sabia acariciar,nem beijar,nem dizer" eu te amo"...e de quem os abraçava.

A forma de fazer todo seu sentimentalismo expandir , e concretizá-lo num mimo era magistral...

Muitas vezes pêgo de surpresa, o presenteado deparava-se com algo fascinante...E sempre guardaria a "mamãe noel" no coração; não só pela surpresa,mas pelo carinho que sentia ao receber ,a festividade que englobava este ato....

Muitas vezes,nós filhos aguardávamos palavras amigas, afagos,beijos;olhares menos críticos e mais encorajadores...mas nossa mãe nunca os recebeu e nunca poderia ofertar o que não fazia parte de seu mundo...

Quer saber?Mamãe foi "Um pôço de coragem."..porque foi capaz de viver do seu jeito, apesar de nossas expectativas...Viveu a autenticidade de sua alma;sofreu a preocupação do seu século,

"a palavra dos outros"...os julgamentos;porém, acima e apesar deles, abraçou sua maneira de ser ; beijando a emoção de amar , ocultando a dor de suas responsabilidades...

Não se incomodava em ser considerada brava,nem difícil; porque sabia exatamente o que significava ocultar suas particularidades íntimas;a proibição de ser trabalhadora com seu talento comercial exuberante;um casamento tradicionalissimo embasado nos ciúmes,nas prisões da alma, na ausência, na crença machista ; que cria que tudo o que ocorresse era oriundo ou de seu zêlo ou de seu relaxamento...

Não houve quietude,nem tempo reflexivo para guerreira que me colocou no mundo...Seu senso crítico bem poderia ter sido usado para prover uma infinidade de funções,mas era em casa seu cárcere,seu desespero, seu triunfo, seu ato de força e luta; suas vitórias mudas!...

Um tempo muito difícil para mulheres tão extremamente brilhantes....E ela era...

Hoje eu a compreendo com a ótica infinita da "primavera" da vida; eu choro de saudade e da falta de oportunidade de um abraço demorado; onde eu lhe diria que muitas vezes amo com o mesmo silêncio de seus gestos; que oferto presentes por não saber muitas vezes como mostrar afetividade; que tenho pulso numa série de experiências e me orgulho por imaginar que ela faria o mesmo...Se eu pudesse me fazer ouvir, gritaria e as estrelas levariam minha gratidão....pela coragem,pela singularidade e pela bravura desta mãe Nilta; que aparece nos meus sonhos,nos meus olhos, no meu jeito e me diz que a vida continua; porque mora não só nas minhas lembranças,mas no meu coração.

Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee....Você me deu Vidaaaaaaaaaaaaaaa...e por tudo que ela me ofertou e presenteia....o meu respeitoso, saudoso e longo muito obrigada!Nilma