CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER - MÁRIO QUINTANA

“Os clássicos escreviam tão bem porque não tinham os clássicos para atrapalhar.”

(Mário Quintana, escritor gaúcho)

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“O sofrimento dos poetas é muito relativo. Pois se um poeta consegue um dia expressar as suas dores com toda a felicidade – como é que poderá ser infeliz? Camões, o velho Camões que o diga – com suas imortais penas de amor. Suas felizes penas de amor!”

(Mario Quintana, Na volta da Esquina)

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As Trinta Linhas

“Um dia Álvaro Moreyra, já avô, contou-me que seu pai ainda lhe dizia: “Mas Alvinho, por que tu não escreves coisas de mais fôlego?” E ele, espalmando as mãos, num gesto de desculpa: “Mas eu não tenho fôlego, papai...” Depois dessa história, eu não precisava dizer mais nada. Contudo, não me sai da lembrança um professor do meu tempo de ginásio que, ao dar-nos o tema para a redação de português, dizia: “Não adianta escreverem muito, meninos, porque eu só leio a primeira página; o resto eu rasgo.” E assim nos dava, ao mesmo tempo, a primeira e melhor lição de estilo, obrigando-nos a reter as rédeas de Pégaso e a dizer tudo (que, aliás, não podia ser muito) nas trinta linhas do papel almaço, contando título e assinatura. A ele, pois, ao saudoso Major Leonardo Ribeiro, a minha gratidão e a de meus leitores.”

(Mário Quintana, Prosa e Verso)

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“Mas para que interpretarem um poema? Um poema já é interpretação.”

(Mário quintana, Na volta da Esquina)

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In: Escrever Sem Doer - Ronald Claver, ed. UFMG, 2006.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 31/08/2009
Código do texto: T1785599