O Bêbado

Lá pelos anos 50, quando o bonde era o meio de transporte coletivo mais usual nas grandes cidades, entra um bêbado e acha de sentar-se ao lado de um cidadão muito finório que, pela sua cultura, gostava de usar frases de efeito, citando o seu autor. Sentindo-se um pouco incomodado com a companhia do bêbado que, a cada solavanco do bonde, pendia para frente e para trás e soltava seus palavrões, o finório disse-lhe educadamente: “o álcool deprime o homem”, Rui Barbosa. O bêbado fitou-o atrevidamente, deu uns tombos pra lá e pra cá, e respondeu: “Vá pra puta que pariu”, Zé Porrinha. Frase de sua própria autoria. E ainda disse outra mais pesada, que deixo em reticência: “Vá tomar no...” e novamente citou o seu próprio nome.

Não se deve mexer com bêbado, reprovando o seu estado etílico, mesmo com a mais sabia das palavras.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 08/05/2010
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