Perguntas que não calam

Já que a pergunta não ofende, também quero perguntar:

A competitividade tem de transformar o humano em um “guerreiro pit bull”?

A corrupção campeia e nós nos vemos de braços cruzados... isso é natural?

Acumular em uma única mão o que ao outro falta e lhe ceifa a vida... é justa essa concessão?

Consumir é para que possamos canalizar nossa loucura coletiva e dar vazão à nossa insanidade individual?

Dar esmola virou política pública e como tal deve ser entendida?

É normal o indivíduo normal confessar-se cego, surdo, mudo e ninguém levá-lo ao hospício?

É verdade que o mercado existe, tem humores e passa bem e mal?

Educação escolar é tudo? Desde quando?

Falta de vergonha é o passaporte para o acesso a todos os níveis do Estado?

Fora da escola não há salvação... não? E fora da economia, da política, da cultura... pode haver salvação?

Há jeito para nossa mania de tentar dar jeito?

Levar vantagem é o único imperativo da moral?

Lucrar individualmente é realmente a única maneira de garantir a vida?

O amor dá direito aos pisões? Quem ama está autorizado a pisar?

O assistencialismo estatal é ou não é o ópio do povo?

O que nos espera depois da alegria roubada?

Os intelectuais estão calados... há como tirar-lhes da boca o odioso zíper da covardia?

Para um ganhar é preciso que haja sempre um perdedor?

Por que a mentira é repetida até virar verdade e nenhum menino ou menina aparece para dizer que o rei está nu?

Por que morrer de fome ou atacado por outro flagelo vira notícia que a gente lê ou ouve e nem se espanta mais?

Por que o capital tem de ser tirano?

Por que o professor, sendo aquele que professa, nega-se à comunicação, ao auxílio orientador àquele que precisa falar, ouvir, ser orientado em suas ações? Pode o professor não professar?

Quantos indignos precisarão triunfar até que minha dignidade tenha vez?

Se, digamos, dez milhões de dólares são suficientes para um sujeito viver uma vida inteira com relativa tranqüilidade, por que nosso sistema econômico permite que apenas um indivíduo acumule infinitos bilhões? É a razão que preside esse sistema ou é a loucura que nos tem?

“Ser” se transformou na idiotice das idiotices e não merece ser tentando?

“Ter” é o único paradigma diante do qual temos de ficar passivos?

Um cego, surdo e mudo conduzir outros cegos, surdos e mudos... essa é a lei?

Viver é só isso? Jura que nada há além de nascer, ser acossado e morrer?

Tantas loucuras, tantas perguntas...

E enquanto a inquietude estiver a perturbar a minha paz, vou continuar perguntando...