Sobre limões e laranjas

É certo que a vida nos dá limões, quando pedimos laranjas.

E por quê? Por que pedimos laranjas e nos dão limões?

Não sei.

Não podemos fazer uma laranjada com limões, isso também é certo.

Mas, com os limões podemos fazer uma limonada, ou uma caipirinha, se tivermos um pouco de açúcar e cachaça, também isso é certo.

Mas o que podemos fazer com os limões que a vida geralmente nos dá?

Chupar um limão pode não ser lá muito agradável, mas parece que faz bem a saúde.

Apesar de serem quase irmãos, não podemos transformar limões em laranjas, não no sentido real, mas podemos fazer isso no sentido simbólico.

Podemos entender o limão. Saber que faz parte de o projeto limão ser azedo e ácido.

E o que podemos fazer com limões?

Podemos transformá-lo em limonada ou podemos simplesmente chupá-lo; entender que o limão é azedo mesmo e muitas vezes a vida também é. Muitas vezes não há açúcar por perto para adoçar esses momentos.

E quando pedimos laranjas e a vida nos dá exatamente ... laranjas?

Mas, pode ser que a vida nos de laranjas não muito doces, afinal de contas, também existem laranjas azedas, o que fazer?

Chupar uma laranja azeda, apesar de ser muito mais doce que um limão, para muitas pessoas pode também não ser a mais agradável das tarefas.

Certo que podemos se houver algum açúcar por perto, transformar uma laranja, mesmo azeda, em uma laranjada.

É, certamente podemos fazer isso.

E, se pedindo por laranjas, nos forem dadas, lindas, amarelas, grandes e muito doces ... laranjas. As vezes isso também acontece.

Também podemos transformá-la em laranjada (meio sem graça, pois já é doce). Como também podemos enfiá-la goela abaixo, sentindo cada gotinha de seus gomos doces.

Até que, em um belo dia, enjoamos da laranja muito doce, certas coisas muito açucaradas costumam enjoar.

Começamos então a pensar naquela laranja não muito doce e naquele limão muito azedo, mas que podemos transformar, pelo nosso gosto e criatividade em algo muito agradável.

Entre limões e laranjas está a vida.

Faz parte da vida aprender com o azedume, com a acidez e com a doçura, aprender que uma laranja não precisa ser tão doce para ser gostosa.

Aprender que uma laranja muito doce pode enjoar. Pode inclusive nos fazer perder a vontade de modificar seu gosto pela nossa vontade e criatividade. E que na vida mais importa as transformações que fazemos com as laranjas e limões que encontramos pelo caminho. Na vida mais importa o que fazemos dela.

Importa as transformações do limão em limonada ou caipirinha. Da laranja azeda que nos faz sentir vontade de uma laranja doce. Ou, mesmo, uma laranja muito doce, com gomos de açúcar, que, geralmente não conseguimos transformar em nada, apenas sentir sua doçura e dessa fruta doce, por vezes, nos vem a necessidade de transformá-la em um limão.

Pois, me parece, que é só quando temos apenas limões é que pensamos em laranjas doces.

Ainda, sobre limões e laranjas. Pensando que é preciso haver uma semente, para gerar uma árvore, que vai gerar uma flor que será transformada em uma fruta é perfeitamente possível pensar em um pomar a partir dessa única semente.