Pedaço de tempo

Se a tua ausência já me faz companhia porque precisas chegar?

De tanto que inventei ser alguém me acostumei com a ideia e hoje sou "alguéns".

Pra tantos beijos guardados e imaginados minha boca louca é tão pouca.

Quando você chegar me toque como se eu fosse um disco raro, um Long Play, com cuidado mas como se fosse ouvir pela última vez.

Minhas passagens secretas são como passaportes vencidos, tenho que me reinventar muitas vezes.

Por mais que eu seja um veleiro, um barco a deriva, nunca afundo no mesmo lugar.

Se você nem ligar eu ligo pra mim e me convido pra dançar.

Se eu gostar do que não ouvir posso me acostumar a não sentir.

Moro em algum lugar comum, é só olhar e verá que estou por aí dançando na chuva ou inventando nuvens.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 29/04/2015
Código do texto: T5224574
Classificação de conteúdo: seguro