DIÁRIO DA QUARENTENA - PARTE 16

Eis a tragédia brasileira: enquanto Galvão Bueno, em sua mansão, harmoniza presunto espanhol de 7 mil reais com espumante de sua própria safra, algum João da Silva, em seu barraco de meia água, tenta harmonizar um prato de arroz e feijão com suco Tang para seus pequenos. E invejando a sorte do João estão tantos severinos, desarmonizados de toda a paisagem, sem barracão, sem prato, sem rotina calórica. Para eles a comida não é uma arte: é um milagre.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 22/08/2020
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