Um ‘cOnTo-de-FaLas’ moderno (pós pandemia)

Naquele canteiro de obras, os operários se reencontravam para a tão sonhada volta ao trabalho.

A alegria tomava conta, enquanto aqueles simples trabalhadores gritavam reciprocamente seus cumprimentos através de “falas” que adoravam escutar uns dos outros.

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— Fala, “véi”!

— Fala, “macho”!

— Fala, “Traça”!

— Fala “Janelinha”!

— Fala “Meio-Quilo”!

— Fala, “Lambreta”!

— Fala, “Tripa”!

— Fala, “Marreta”!

— Fala, “Tresperna”!

— Fala, “Manguaça”!

— Fala, “Chupa-Cabra”!

— Fala, “Cabeção”!

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E, exatamente, após o último cumprimento, o mestre-de-obras, o “Zé Vigota”, dava o primeiro comando:

— Acabáru as “fala”? Agora, cai todo mundo pra dentro, antes que nós vai à falência.

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E a vida voltou a sorrir para aqueles trabalhadores que não perderam seus empregos por causa da pandemia, durante a qual nem mesmo se perdeu qualquer companheiro daquele grupo que se respeitava por aquilo que cada um “parecia”, sem se importarem com esse tal de “politicamente correto” que é ensinado por aí em grupos plantadores de inimizades ideológicas.