Estátua

Eu estava ali.

Estava, sim!

De corpo e alma

Me fiz presente,

Me fiz de presente

Em algo que só eu estava,

Só eu via.

Criei um mundo que aos poucos

Começou a me envolver

E a passos de formiga

fui L-e-n-t-a-m-e-n-t-e

deixando a corda correr.

Um nó, um laço,

Primeiro as mãos...

Braços...

Me vi atado,

Enrolado no meu próprio conto...

Enforcado.

Estrangulado pelas minhas projeções,

Em outras palavras

Pelas minhas próprias mãos.

Mesmo que não diretamente

Não fisicamente

Mas sim.

Sim!

Eram minhas expectativas frustradas

Apertando o nó a cada vez que eu respirava.

Os pés amarrados

Pesados

Sem querer sair

Sem nem ao menos resistir

Se recusando a me obedecer.

Estavam ali.

Estátuas.

Mas não como estátuas de jardim

Petrificadas, mortas

Mas como as da brincadeira

Esperando o comando de volta.

Eugênio Rodrigues
Enviado por Eugênio Rodrigues em 06/05/2021
Código do texto: T7249819
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