Impulso
Então veio "a noite"
Encostado no canto
Nesse momento em prantos
O estômago tomava açoite
Dizia a todo momento
"Eu não aguento, eu não aguento
Eu não aguento eu não aguento..."
Joelho no queixo
Pernas abraçadas
O frio já estava em alta
Mas a pauta da noite era
Será que eu amanheço?
Será que eu enlouqueço
Antes do sol nascer?
Precisava desviar o foco
O pensamento
E registrar cada momento aqui
Foi o que me fez resistir
Me fez persistir
E me tirou do ócio
Não posso dizer pra ti
Que foi uma tarefa fácil
Prazerosa
Basta ter um dedo de prosa
E verá onde eu caí
Preso no laço da mente
Respiração curta
Não tem esse ser que aguente
O balão encher na cuca
A visão ficar turva
O estômago ferver
O corpo te dizer
Eu vou entrar em pâne
Lascou-se, eu que me dane
Como posso resolver?
Engoli seco
Desceu atravessado
Preso, engasgado
Tive que raciocinar
E se eu rabiscar?
Anotar, sei lá!
Deve parar a agonia
Então lembrei daquela guria
Que me inspira a escrever
Costumava dizer
"A poesia me salva todo dia"
Me salvou
Por hora sigo registrando
Cada momento
Sentimento
O que seja
Qualquer coisa que eu veja
Que esvazie a lixeira
Termino esse sem dor
Tentando não perder a base
Seja onde, quando
E como for
Levarei sempre essa frase
Nem sempre com alegria
Minha Poesia me salva
"A poesia me salva todo dia"