Aos leitores que se preocupam com o futuro do país, uma reflexão...

De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se depois perde a si mesmo?

Essa é uma questão simples e complexa ao mesmo tempo. As pessoas passam a vida colecionando vitórias, acumulando conquistas, afogando derrotas e modelando uma vida. Só que muitas vezes, escrevemos a história da nossa vida, e no final, na velhice, olhamos para trás e nos sentimos mal. Nos sentimos mal, não porque não fizemos o que desejávamos fazer, mas porque construimos a imagem de uma pessoa que muitas vezes não somos nós mesmos.

Quem somos nós? é uma pergunta "clichê", mas que gostaria de analisar numa outra ótica. A sociedade nos impõem regras, valores, costumes e esse fato acarreta, principalmente nos jovens, uma certa rebeldia sem causa aparente. Aparente. Porque ao passo que criamos nosso caráter, vamos sendo obrigados muitas vezes, a sermos pessoas diferentes daquelas pessoas encontradas no nosso íntimo. Às vezes escondemos medos, preocupações, desejos, vontades, frente à necessidade de encarar a vida num momento muito breve, geralmente aos 16, 18 anos.

A pressão social e familiar é grande e deixa grandes feridas. A mídia expõem a juventude a uma situação ridícula de falsa onipotência. Dou destaque a essa fase da vida pois é justamente nela que formamos nosso caráter. Enfim, os jovens crescem afastados da tradição, dos valores familiares, da religião. A criação dos jovens segundo o atual modelo "neoliberal niilista", ou seja, baseado no nada, na desvalorização dos valores, na conquista da "autosuficiência", gera uma nova geração despreocupada com os rumos que a sociedade vai tomar, e em menor escala, com os rumos que a própria vida vai tomar. Desse modo, enaltacem o individualismo e escondem-se por de trás de um ego agressivo, cauteloso e solitário.

Obviamente que se fazem necessárias algumas cosiderações quanto à classe social. Pois bem, em geral os sintomas são so mesmos em todos os jovens, mas, em um jovem da classe baixa as manifestações são diferentes, por exemplo. O seio familiar, e o anseio por amor criam marginais, criminosos, que certamente vão se tornar pessoas de má índole, devido à falta de apoio, à falta de família. Como o papa João Paulo II tanto insistia, a família é a base da sociedade. Já em relação às classes média média e média alta. É igualmente assustador o modo como os jovens vêm se tornando adultos. Temos os casos horrendos da morte do menino João Hélio, morto por garotos na faixa etária entre 18 e 16 anos, e da morte dos pais de Suzane Von Richtoffen. Ou seja, as mães hoje dividem-se entre o trabalho, a independência, e os filhos; os pais afastam-se dos pequenos, assolados em papéis e jornadas de trabalho monstruosas, e aí? Como ficam as crianças e jovens?

De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se depois perde a si mesmo? Essa é mais uma ironia humana. De nada adianta!!! De que adianta criar garotas modelos, lindas, mas que sofrem de aronexia? De que adianta criar garotos fortes, confiantes, mas que vivem com uma arma na mão? De nada adianta. Eu, como um profissional da área judicial me senti na obrigação de dividir essas questões com os leitores que também se preocupam com esse tema. E creio que são muitos. Vejam o seguinte caso caros leitores:

Sorocaba - São Paulo, 2007.

Um jovem do bairro nova esperança de 18 anos, por motivos de briga entre grupos rivais de traficantes, dá 8 tiros à queima roupa num outro jovem de 20 anos que saía de um bar junto com a namorada. O atirador saiu correndo e poupou a namorada. No julgamento do réu, ou seja, do atirador, a única testemunha disponível era a namorada da vítima. Na entrada do fórum municipal a mãe do atirador disse à testemunha:" se você abrir a boca, não sai daqui viva". Vejam só. A garota entra em pânico e o promotor do caso, o doutor Gazzola, amigo meu, a convence a depor contra o réu. Ela depõem em sigilo. O advogado de defesa do réu utiliza-se de reza, discurso em latim, e baseia seu principal argumento num artigo que basicamente diz: "testemunha de um só, é testemunha de ninguém". Ou seja, alegando que o argumento de uma única testemunha de nada valia. Enfim, o réu foi foi solto, depois de recorrer a algumas instâncias a mais.

Como um país pode crescer se formamos pessoas assim? Acostumados com a impunidade? Se o cara rouba, tudo bem, ele consegue "habeas corpus", consegue liberdade condicional e tudo bem. Amigos, estamos diante de um sociedade estagnada, de um Estado em crise, e isso diz respeito a você também. Portanto, pais, avós, tios, professores, vamos cuidar dos nossos jovens, das nossas crianças. Não se deixem vencer pelas armas da televisão, da moda, da bebida alcoólica, das más influências. é um trabalho difícil eu sei, dar liberdade, dar amor e conter os impulsos dos nossos filhos. Eu não tenho filhos, mas tenho irmãos e são mais novos que eu, e vejo a luta dos meus pais.

Espero que com a discussão a respeito disso haja uma mudança, uma melhora na educação, e tudo começa na família. Concluindo: Aos pais, e educadores em geral que leram este texto, muita força e amor, não deixem que as gerações futuras se percam na desgraça da apatia do ser humano. Um abraço e obrigado.

Enrico Vizzini
Enviado por Enrico Vizzini em 20/03/2008
Código do texto: T909123