R$ 6,66

Quando digo que o mundo

Tá perto de se acabar

Alguém vem me esnobar

Me chamar de vagabundo

Mas não calo um só segundo

E repito outra vez

Que não finda esse mês

Tudo quebra na emenda

Sabe o preço da contenda?

Seis réis e sessenta e seis.

Uma guerra por tão pouco?

Alguém pode perguntar

Mas quando o mundo quebrar

Vamos ver quem é o louco

Vão se fazendo de mouco

E eu rindo de vocês

Um povo que por rudez

Se vende por mixaria

Pela tal baixa quantia:

Seis réis e sessenta e seis.

Quando o dinheiro reinar

Ninguém vai passar batido

Não há nada de escondido

Que não se mostre ao olhar.

Quem só viveu pra juntar

Vai perder de uma só vez

Lucro, vida e talvez

Para fugir do terror

Venda sua alma por

Seis réis e sessenta e seis.

O mesmo preço é tabela

Par quem quer vender a fé

E pra quem quiser até

Ganhar dinheiro com ela

Numa única parcela

Você fica na nudez

Vende o fundo o voto e a vez

Em troca do que não presta

Pelo preço em tua testa

Seis réis e sessenta e seis.

Quem ganhou o mundo inteiro

E perdeu a própria alma

Traz ardendo em sua palma

O seu último dinheiro

O resto foi pra o cinzeiro

Quando sua estupidez

Quebrou o mundo de vez...

Da sua suja abastança

Só lhe sobrou por lembrança

Seis réis e sessenta e seis.

Se o preço da tua luz

Valeu meia, meia, meia,

Se faltou na tua candeia

O querosene da cruz

Não queira chamar Jesus

Pois se a venda você fez

Só o zarapêi talvez

Saiba do seu endereço.

Veja como é alto o preço:

Seis réis e sessenta e seis.