Retrospectiva

DEVAGAR QUE NEM FOGO DE MONTURO

A SAUDADE INVADIU MEU CORAÇÃO

(No mote de Carlos Severino Cavalcanti)

Vendo mãe preparar nosso jantar

Uma lembrança a infância me arremate,

A mesa que era posta para sete,

Hoje, ocupa pouco mais de um lugar.

Nosso velho candeeiro a clarear

Nos cedia pouca iluminação.

Minha mistura saltava para o chão,

Eu tentava encontrá-la no escuro.

Devagar que nem fogo de monturo

A saudade invadiu meu coração.

A lembrança puxou outras lembranças,

Foram tantas, que fui arrebatada.

Uma boca de noite enluarada

Me valia bem mais que mil festanças.

Os terreiros repletos de crianças,

Todas juntas na mesma animação.

Uma infância, um luar e um Sertão,

Construíram saudoso o meu futuro.

Devagar que nem fogo de monturo

A saudade invadiu meu coração.

Lembro vó sentada num batente

No fabrico de uma bonequinha.

Uma agulha, um retalho, uma linha

E o brinquedo surgia lindamente.

Depois dela pronta dava a gente,

Meus olhos cintilavam de emoção.

Nada paga o valor da gratidão,

Que sentia meu ser inda tão puro.

Devagar que nem fogo de monturo

A saudade invadiu meu coração...