Trecho do poema O Abismo de Charles-Pierre Baudelaire, considerado um dos precursores do Simbolismo.

 

MOTE

O Abismo

Charles-Pierre Baudelaire

 

Em volta, do alto, embaixo a profundeza, o denso,

Silêncio, a tumba, o espaço cativante e horrendo...

Em minhas noites, Deus, o sábio dedo erguendo,

Desenha um pesadelo multiforme e imenso

 

GLOSA

Alma instigante

 

Em volta, do alto, embaixo a profundeza, o denso,

a alma humana instigante, o supremo eterno,

a solidez na atmosfera em nome da solidão que passou

desapercebida do entusiasta insinuante que despertou.

 

Execrável ao extremismo da fortaleza laboriosa do

silêncio, a tumba, o espaço cativante e horrendo...

a virtude indomável do pequeno penoso caminho espinhoso

que as pegadas deixaram marcadas no roteiro cascalhado de ode.

 

A arpa que marca o som no tocar do calor, causa o sopro dos ventos

que uivantes emergem na tupã energia,

em minhas noites, Deus, o sábio dedo erguendo,

alvejando para a criação se tornar extrema e eficaz.

 

Concludente no conhecimento guardado na história,

a estrada ali traçada brilha na proporção do infinito,

delirante que de algum modo passa firme e

desenha um pesadelo multiforme e imenso.