ACORDO ORTOGRÁFICO

ACORDO ORTOGRÁFICO

Até eu, nesta parte do mundo

Precisamente no Sul da Bahia

Com exatidão, em Itanhém

Estudo a nova ortografia.

Não adianta insistência

Continuando na velha teima

Preciso adaptar-me

Não fazer mais uso do trema.

Podem até averiguar

Nos livros daqui pra frente

A ausência do trema

Através de leitura frequente.

Muitos ainda não creem

Nas mudanças de agora

Sei que é porque não leem

Vão ficando de fora.

Eliminem o acento circunflexo

Da primeira vogal dos hiatos

Mostrem serem bem espertos

Mantenham-se atualizados.

Peço que alcem voo

Nesse acordo fantástico.

Sei que eu não desentoo

Mergulhei no acordo ortográfico.

Nos ditongos “ei” e “oi”

De pronúncia aberta

Não se usa mais acento

Mantêm a busca em alerta.

Convocarei uma assembleia

Para a todos informar

Sei quão boa é essa ideia

Desse bem compartilhar.

Esqueça o acento no “u”

E também no “i”

Se precedido por ditongo

Aprenda no que escrevi.

Vivendo numa “democracia”

Oposto da ditadura

Atualizo o vocabulário

Escrevendo baiuca ou feiura.

Em baú, aí e saída

O acento permanece

Pois não sucedem ditongo

Anotando não se esquece.

Explico-lhes também

Os acentos diferenciais

Em algumas palavras

Não se usam mais.

Do Polo Norte ao Polo Sul

É muito bom viajar

Por em prática a sustentabilidade

O pelo dos animais não arrancar.

Ser aprovado em Vestibular

Já foi coisa pesada

Bem mais difícil ficou

A ortografia foi modificada.

Saibam agora sobre o hífen

Que não foi modificado

Mantém-se para marcar

Mudança de significado.

Quanto mais se aprende

O aprendido não é sobra

Continua usando o hífen

Em laranja-do-céu e mão-de-obra.

Mas o hífen desapareceu

Junto ao acento, em compostos

Sem a noção de composição

É preciso que estejam a postos.

Paraquedas e paraquedistas,

Foi assim que cada um ficou.

Aprendeu quem aos escritos

Sobre isso estudou.

Porém, em outras palavras

Onde o hífen não se usava

Agora é obrigatório

Permanece como se falava.

Exemplifico com eletro-hidráulico,

Veremos quem aprende primeiro.

Também em psico-higiênico

Bem como em co-herdeiro.

Agora é obrigatório

O hífen utilizar

Quando o primeiro elemento termina

Com a letra que o segundo iniciar.

Contudo, não se preocupem

Estou a exemplificar

É assim em anti-inflamatório,

Micro-onda e contra-atacar.

Mas se o segundo elemento

Por outra vogal iniciar

Não sendo a última do primeiro

Os elementos devem se aglutinar.

Esclareço, também aprendendo,

Pra todo mundo esperto ficar:

Antiaéreo, semianalfabeto,

Agroindústria, extraescolar.

É bom, também aprendi

O prefixo terminado em vogal

Quando o segundo elemento

Tiver “r” ou “s” inicial.

Dobra-se o “r” ou “s”

Devendo assim ficar

Antirreligioso, minirreforma,

Minissaia, extrarregular.

Todavia, nem tudo mudou

Prefixos consagrados, tá!

“in – trans – re” – e outros

Inabitar, transoceânico, re-equilibrar.

Saibam que o prefixo

Dispensa o hífen acompanhar

Quando o segundo termo

Por “r” iniciar.

Em prefixos de finais “b” e “d”

Mesma regra se aplicará

São esses os exemplos

Sobroda, subreino, abrogar.

Quando se translinear

Ou seja, mudar de linha

Não mudará a divisão silábica

Assim acontece com fari-

nha.

Mas quando acontecer

Nessa translineação

Coincidir com o hífen

Assim fica vice-

-campeão.

Devemos fazer da busca

Algo bem predileto

Vamos descobrir o aumento

Das letras do nosso alfabeto.

No alfabeto da língua portuguesa

Três letras vieram incorporar

Agora são vinte e seis

Somadas com “w”, “y” e “k”.

Mas o uso dessas três

Continua limitado

Às palavras estrangeiras

Ou símbolos de medidas, já utilizados.

Em função das diferenças

De pronúncia que existiu

Da língua portuguesa

De outros países e Brasil

Inúmeras formas duplas

No acordo ortográfico introduziu.

Exemplifico com algumas

António/Antônio, bebé/bebê.

Aprenderemos outras mais

Pela curiosidade de saber.

Por isso, não se assuste

Se a partir de agora encontrar

Escrito em qualquer livro

Carácter, facto, ou afectar.

É importante salientar

Das mudanças ocorridas

Facilitação a escrita

Nações serão entendidas.

Nada mudará na pronúncia

Falo com muita franqueza

Apenas unifica a escrita

Da língua portuguesa.

Falada em outros países

Não apenas no nosso

Cada pessoa aprenderá muito

Se não medir esforços.

Vivemos em época dominada

Pela necessidade de ter

Também Era do Conhecimento

Vence quem mais aprender.

Não são só essas, as mudanças

Ocorridas na ortografia

Aprenderemos praticando-as

Nesse leque que se amplia.

GILVANIO CORREIA DE OLIVEIRA

itanhemninja@hotmail.com

ITANHÉM-BA, 18/03/2009.