A CHEGADA DOS "GRINGOS" K, W, Y.

A reforma ortográfica aprovada em janeiro de 2009 forneceu passaporte, ou melhor, título de brasileiro naturalizado a três elementos "estranhos": O cá (K), o dábliu (W) e o ípsilon (Y). Esse último já foi nosso patrício em tempos d´oiro. O nome da cidade em que resido já foi com Y no final.

Mas não me lembro de qualquer palavra que possua as letras K e W nosso idioma. E tenho certeza de que elas contunuarão a ser inúteis. Mas alguém pode alegar que já usávamos essas letras para Kg (quilograma); megawatt (pronuncia-se mega uót). Muita gente chama de mega-vat,mas aí é falta de respeito ao inventor James Watt (pronuncie JÊIMS UÓT). Ele nasceu na Escócia; seu nome é inglês (idioma falado na Escócia, que faz parte do Reino Unido da Grã-Bretanha, cuja capital é Londres, que fica na Inglaterra, de onde se deriva, por regressão, a palavra "inglês").

Essas letras já eram utilizadas para palavras derivadas de nomes estrangeiros, como KANTIANO (referente a Immanuel Kant), e abreviaturas de grandezas da físicas, como WATT (LÂMPADA DE 40W)¹.

Ora, se essas letras já eram utilizadas para esse fim, então não foram introduzidas pela reforma. Elas já faziam parte da nossa rotina.

Mas eu vou gastar meu latim é com o Y, pois ele me lembra o idioma grego (na grafia e na prnúncia) e o francês (na pronúncia). O Y tem como uma de suas finalidades (já tinha antes da reforma) figurar na transliteração² de palavras gregas para o português. Aqui eu não posso dar exemplo de uma transliteração, pois não dá para escrever em grego. Mas eu vou descrever o procedimento sem o recurso dos caracteres helénicos.

A palavra HÍPER (um prefixo grego correspondente ao latim SUPER) se escreve com H no começo porque em grego ela começa com a letra YPSILON precedida de uma aspiração áspera (´). Se começasse com aspiração branda (`),seria transliterada (não estou falando traduzida) assim: ÍPER. Mas transliterar é diferente de traduzir. É trocar os caracteres gráficos e fonéticos por aqueles pertencentes ao idioma de destino. Ao transliterar a palavra grega que tem: a aspiração áspera, as letras YPSILON, PI, EPSILON e RÔ, temos este resultado: HYPER,com sílaba tônica HY. Esse agá não nada a ver com o grego. Ele representas a aspiração áspera existente no original.

O Y (ípsilon) significa que o original é o YPSILON, cuja pronúncia é semelhante ao "U" francês, que nunca tem som de "U", mas algo intermediário entre "I" e "U". Essa pronúncia faz com que os franceses falem com aquele biquinho tão conhecido nosso.

O pê (P) é a transliteração de PI; o erre (R) é a transliteração de RÔ. Se quiser a tradução, é esta:

"Prep. por, em lugar de, em favor de, por causa de, acima de, além de, acerca de. Adv.: muito mais, ainda mais".²

O cá (K) tem alguma utilidade na transliteração do grego para o português. Lá não tem C nem Q. A palavra grega para bom é CALOS (translitera KALOS, e o original se escreve com KAPA, ALFA, LAMBDA, ÓMICRON E SIGMA³.

Mas para o W não encontrei serventia. É só mais uma opção para a letra U (se o fonema for inglês) e a letra V (se quiser obter esse som em alemão, pois se aparece a letra V na língua germânica, a pronúncia é de F. (Volkswagen se pronuncia FOLKSVÁGUEN).

Não quero que o amigo leitor pense que tenciono expulsar esses "intrusos", não. O que eu quero é arranjar serviço pra eles, senão eles vão querer voltar para o lugar de onde vieram, em virtude do TAEDIVM VITAE. Eu quero é que o povo comece a criar escritas como: KOMPUTADOR, SANTOS DYMONT HYPERMERCADO, PAWLADA, WOCÊ. É, porque se uma letra do alfabeto anterior pode desempenhar mais de uma função (o L serve de U) e uma função pode ser desempenhada por mais de uma letra (O Z pode ser representado pelo S e pelo X) então o W pode servir de U e de V.

(¹) WATT na física é unidade de energia, de potência, ou capacidade de realizar trabalho. Um WATT é igual à CORRENTE (EM AMPERES) vezes a TENSÃO (EM VOLTS).

(²) GINGRICH, F. Wilbur et DANKER, Frederick W. SHORTER LEXICON OF THE GREEK NEW TESTAMENT. Universe of Chicago, Chicago, Illinois: 1983, Título em português: Léxico do N.T. GREGO/PORTUGUÊS. Traduzido por Júlio P. T. Zabatiero. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo: 2001.

(³) KAPA (escreve-se do mesmo jeito do K); ALFA (o maúsculo é do mesmo jeito do nosso A); LAMBDA (a minúscula é um "y" de cabeça para baixo; a maiúscula é um V de cabeça para baixo); ÓMICRON (do jeito do nosso "O", maiúsculo e do "o" minúsculo); SIGMA, corresponde ao nosso ESSE (S) e tem três formas: A minúscula inicial e medial (parecida com o "sâmech" hebraico, só que é virado para a direita; a minúscula final, parecida com o S, mas a metade de cima é maior do que a debaixo; a maiúscula, que na matemática e nas planilhas eletrônicas, simboliza o somatório.

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António Fernando
Enviado por António Fernando em 02/08/2009
Reeditado em 19/08/2009
Código do texto: T1732167
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