...E PENSAR que temos usado corretamente o verbo...PENSAR
Quanto mais nos aprofundamos em pesquisas
a respeito dos tópicos gramaticais que compõem a nossa língua mais
nos assustamos. Realmente, é algo de "fundir a cuca".
É o caso desse verbo PENSAR, de uso tão
corriqueiro em nosso dia a dia.
Quem poderia imaginar que se trata de cons-
trução gramatical inadequada dizermos :
"Eu PENSO mudar de profissão"...
A inadequação gramatical sobre o emprego
desse verbo destacado em maiúsculo é a sua REGÊNCIA verbal, ou
seja, que tipo de complemento (objeto direto / indireto ou nenhum
complemento) ele permite.
No caso da frase acima, para sabermos o
tipo de complemento que ele permite, teremos de aplicar as perguntas
a serem feitas PELO verbo para saber se ele permite um objeto direto
ou indireto como complemento.
Façâmo-las então... (que pernóstica essa forma verbal!), para verificar qual dos dois complementos é mais adequado :
(Repetindo a oração :)
Opção "a" (que classificaria o verbo como
TRANSITIVO DIRETO, por ter
um objeto direto como comple-
mento) :
Eu penso O que (sinal de interrogação)...
Não, essa não nos parece a per-
gunta correta;
Opção "b" (que classificaria o verbo como
TRANSITIVO INDIRETO, por ter
um objeto indireto como com-
plemento) :
Eu penso EM que (sinal de interrogação).
Sim, essa nos parece a pergun-
ta correta . E sendo a pergun-
ta correta, a resposta seria :
EM mudar de emprego (repare que a res-
posta é iniciada por uma pre-
posição, o que caracteriza es-
se verbo, NESTE CONTEXTO,
como TRANSITIVO INDIRETO.
(Quando pensamos, não pensamos AL-
GUMA coisa ou ALGUMA PESSOA, mas
sim, EM alguma coisa ou EM alguma
pessoa.Assim sendo, trata-se de per-
guntas que caracterizam o objeto IN-
direto e que classificam o verbo como
TRANSITIVO INDIRETO)
A prova que nos parece irrefutável pa-
ra confirmar a classificação desse ver-
bo como TRANSITIVO INDIRETO, nesse
tipo de contexto, é esta outra oração
que mantém similaridade com o exemplo
anterior :
Devemos dizer...
Penso você o tempo todo...
ou
Penso EM você o tempo todo (interro-
gação).
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Após a questiúncula acima, damos, a
seguir, as três classificações possíveis desse verbo, com relação à
transitividade verbal :
CLASSSIFICAÇOES :
1) Verbo INTRANSITIVO (aquele que, por ter sentido completo, NÂO
precisa de complemento - objeto direto ou
indireto).
Nesse tipo de classificação, o verbo PENSAR tem como sinônimos:
"refletir", "raciocinar", "analisar".
Ex.: Eu o admiro, chefe, porque, antes de agir, o Sr. sempre PENSA.
("Pensa", neste contexto, é o mesmo que "reflete", "raciocina", "a-
nalisa").
2) Verbo TRANSITIVO (que, por não ter sentido completo, pede algum
tipo de complemento - objeto direto ou indire-
to).
Como "transitivo", o verbo "PENSAR" se enquadra em duas classi-
ficações :
PRIMEIRA : TRANSITIVO DIRETO (que é de uso muito esporádico).
Nesse tipo de classificação, PENSAR tem como sinôni-
mos : CUIDAR, PRESTAR ASSISTÊNCIA, TRATAR (é
o mesmo sentido que o verbo ASSISTIR tem, em frase
do tipo : "O médico ASSISTIU O doente", que significa:
o médico CUIDOU do doente).
Ex.: Mesmo tendo todos partido, eu ali permaneci para
PENSAR OS feridos
("Pensar", neste contexto, significa : cuidar de /
tratar / dar assistência a).
SEGUNDA : TRANSITIVO INDIRETO (que é aquele de uso mais cons-
tante - apesar de o empregarmos INCORRETAMENTE,
conforme demonstrado no início deste artigo).
Como transitivo indireto - além de o verbo "pensar"
OBRIGATORIAMENTE ter de ser seguido da preposição
EM - ele tem como sinônimos : acreditar. cogitar,
tencionar, imaginar.
Exs.:
"O Brasil PENSA EM exportar o biodiesel".
("Pensar", neste contexto, tem como sinônimo : COGI-
TAR, TENCIONAR).
"Eu PENSO em que o Brasil, com tanta riqueza, deveria
ser mais justo". (Obs.: Este tipo de construção frasal
é que nós, brasileiros, passamos por cima ou desobe-
decemos)
("Pensar, neste contexto, tem como sinônimo : ACRE-
DITAR ou IMAGINAR).
À reflexão dos amigos leitores...e, natu-
ralmente, de outros eventuais especialistas no assunto.