Advérbio versus Preposição – Ensinando com amor

Prólogo:

Em tempos de vestibular são inúmeras as mensagens que recebo solicitando dicas e outros ensinamentos que venham a facilitar o tão sonhado ingresso em uma universidade.

Eu poderia apenas indicar um dos meus mais recentes textos intitulado ‘Por que não é fácil estudar Direito?’ publicado em 25 de outubro do ano em curso, mas se fizesse isso estaria correndo o risco de parecer um propagandista dos meus feitos ou um marqueteiro de meia-tigela em busca de ovação desmerecida.

Dentre essas mensagens uma me chamou a atenção pela pertinência do assunto. A estudante de nome Patrícia, solteira, 21 anos, domiciliada na cidade de Ouro Preto – MG é filha de um próspero pecuarista daquela hospitaleira cidade.

A ouro-pretano, também se usa ouro-pretense (menos usual), em sua simpática mensagem diz ser minha leitora assídua e que sua tradicional família também aprecia meus escritos, à exceção dos textos eróticos, pois os considera demasiados fortes e incitadores à permissividade.

Gostei dessa sinceridade da leitora, mas resisto a esse estigma dos pais da notável menina-moça dizendo que na maioria dos meus textos deixo claro que não faço apologia à imoralidade ou indecência.

Tudo o que escrevo é fruto da criatividade latente, ficcional ou real, e com o aval da consciência sem culpa, sem maldades, hipocrisias ou ressentimentos.

Eis parte do “e-mail” recebido e transcrito “ipsis verbis”, isto é, com as mesmas palavras; TEXTUALMENTE:

“Querido poeta e professor não sei nem como iniciar uma correspondência para uma pessoa que escreve tão bem quanto o senhor. Sendo um homem educado e compreensivo certamente haverá de perdoar algum erro gramatical ou excesso que eu possa cometer.

Sou a mais velha dos meus três irmãos, sendo duas outras meninas e um menino. Todos somos seus leitores e apreciamos seus textos. O senhor nos obriga a usar o dicionário com suas palavras difíceis, mas esse modo de escrever aumenta o nosso vocabulário mostrando-nos o quanto é importante escrever corretamente não apenas o Português, mas outros idiomas necessários a nossa formação acadêmica.

Minha irmã Paola, com dezessete anos, e eu adoramos todos os seus textos, principalmente os eróticos. A Poliana, com quinze anos, é proibida de ler as belezas que o senhor escreve por força da idade e vigilância cerrada dos nossos pais.

O Paulo Roberto, com treze anos, só agora está se descobrindo um rapaz grande e forte, mas ainda não despertou suficientemente a libido para curtir os ensinamentos dos seus textos mais picantes.

Pelos meus irmãos fui incumbida de lhes explicar de forma simples e prática a principal diferença entre as classes gramaticais advérbio e preposição.

Assim tipo uso em uma frase, etc. Não tendo a quem recorrer, pois não gostaria que meu professor de Português viesse a me considerar meio palerma e incompetente, quero saber se o senhor pode me ajudar nessa tarefa.

Claro que depois todos saberão de onde pude tirar minhas explicações, mas por enquanto esse será o nosso segredo. Pode me ajudar? Antecipadamente meus sinceros agradecimentos pela atenção que educadamente me dispensar. Beijos. Patrícia.”.

Mandei uma mensagem para a jovem leitora e na ocasião solicitei a devida permissão para dar a resposta a essa simples consulta aqui mesmo no Recanto das Letras, pois desse modo outros estudantes aproveitariam os ensinamentos transmitidos.

Após concordar com minha proposta eis como respondo da forma como sei e entendo as diferenças e similaridades entre advérbio e preposição.

Sobre o advérbio posso escrever:

O advérbio é uma classe de palavras que acompanha – como o próprio nome indica (advérbio) – um verbo. Mas também pode acompanhar um adjetivo ou outro advérbio.

Não tem variação de número (singular ou plural), nem de gênero (feminino ou masculino). Porém pode mudar sua estrutura ou ser modificado por outro advérbio. Ex. perto muda sua estrutura para pertíssimo ou poderá ser modificado por outro advérbio (muito) se transformando em muito perto.

Tipos de advérbios: Modo – Tempo – Lugar – Intensidade – Afirmação – Negação – Dúvida. Não darei exemplos de cada tipo de advérbio porque em quaisquer gramáticas de português isso poderá ser encontrado.

Existem, também, os graus de advérbios e suas subdivisões que são os de igualdade, de superioridade e de inferioridade.

Sobre a classe gramatical preposição posso afirmar:

PREPOSIÇÃO é uma palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando o segundo ao primeiro. Isso significa que a preposição é o termo que liga substantivo a substantivo, verbo a substantivo, substantivo a verbo, adjetivo a substantivo, advérbio a substantivo, etc. Só não pode ligar verbo a verbo: o termo que liga dois verbos (e suas orações) é a conjunção.

EXEMPLO: "Os alunos do colégio assistiram ao filme de Henrique comovidos", teremos como elementos da oração os alunos, o colégio, o verbo assistir, o filme, Henrique e a qualidade dos alunos comovidos. O restante é preposição. Observe: "do" liga "alunos" a "colégio", "ao" liga "assistiram" a "filme", "de" liga "filme" a "Henrique". Portanto são preposições.

O termo que antecede a preposição é denominado regente e o termo que a sucede, regido. Portanto, em "Os alunos do colégio...", teremos: como alunos = elemento regente; o colégio = elemento regido.

AS PREPOSIÇÕES SÃO: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

PREPOSIÇÕES ESSENCIAIS: são aquelas que só funcionam como preposição, EXEMPLOS: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, perante, por, per, para, sem, sob, sobre, trás.

Observação: Na linguagem informal, a preposição para reduz-se frequentemente à forma pra.

PREPOSIÇÕES ACIDENTAIS: são aquelas que passaram a ser preposições, mas são provenientes de outras classes gramaticais, como: durante, afora, menos, salvo, conforme, exceto, como, que...

EXEMPLOS:

Agimos conforme a atitude deles.

Conversamos muito durante a viagem.

Obtiveram como resposta um bilhete.

Ele terá que fazer o trabalho.

Diferenças entre o advérbio e a preposição:

Um advérbio é capaz de funcionar isoladamente, não depende de outras palavras e pode mudar a posição na frase. Uma preposição, ao contrário sempre precisa das palavras que estão depois dela (e com as quais constitui um grupo) para que a frase faça sentido. A preposição, portanto, não pode aparecer sozinha.

Vejamos os exemplos:

- Estava em cima da mesa.

- Estava sobre a mesa.

As duas frases acima têm o mesmo significado, mas “em cima” é um advérbio e “sobre” uma preposição. Ao perguntarmos: Estava em cima da mesa? Poderemos responder: Sim, estava em cima. Não há, neste caso, necessidade de nenhum complemento!

No entanto, se perguntarmos: Estava sobre a mesa? Não se admitira a resposta: Sim, estava sobre. A frase, nesta resposta, ficaria sem sentido, isto é, incompleta. Essa é a diferença fundamental entre o advérbio e a preposição.

Concluo minha resposta dizendo que o propósito de quem ensina, atualmente, é transformar o estudante no protagonista de sua própria aprendizagem. Sua meta principal é capacitá-lo a aprender a aprender. O estudante deve ser capaz de assimilar novos conhecimentos a partir dos que já possui.

Mais que isso, deve saber integrá-los, usando os meios complementares de informação e apoio para realizar a própria aprendizagem sem precisar recorrer sempre a ajuda externa - de professores, colegas, ou pessoas da família.

Para isso é preciso ser pertinaz! Indagar a si mesmo! Pesquisar com a fome de conhecimento de um autentico autodidata. Até pouco tempo atrás, para se ter acesso às fontes de estudo era preciso deixar a sala de aula e se deslocar para bibliotecas (fiz isso em demasia no Rio de Janeiro) em busca das informações necessárias. Boa memória, então, era um instrumento de grande ajuda para a formação intelectual.

Atualmente, a pesquisa e o acesso à informação - que é gerada com enorme rapidez (computadores e internet) pode ser feitas em tempo real. Não evolui quem não quer ou talvez porque seja mais fácil vegetar nas vielas escuras da insipiência danosa e improficiente.

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS:

Wikipédia - Enciclopédia Livre.

Moderna Gramática Portuguesa - Evanildo Bechara.

Gramática da Língua Portuguesa - Pasquale Cipro Neto.