BANQUETE DE PALAVRAS

Caro (a) leitor (a)

Eu adoro as palavras. As tenho num reino bem protegido. Elas não me escapam tão fáceis, a não ser quando as convido para povoar minhas intenções. Nesse caso, perco o controle delas, que podem, inclusive, não mais voltar para o seu aposento que fica no meu palácio cerebral. Quando isso acontece, elas seguem estonteantes e passam a explorar outros reinos, outras cabeças. Um detalhe importante: essa liberdade é absolutamente legalizada pelo sistema arbitrário da língua e da linguagem.

É por isso que às vezes palavras se transformam em borboletas e não são de ninguém: nem minha, nem sua e, ao mesmo tempo, são de todos.

Ouso dizer que gosto de palavras curiosas, que me deixam encabulado. Mas também amo visceralmente aquelas dóceis, ingênuas e fugazes, que num instante conotam paixão, sentimento, emoção; e, em outro, raiva, dor, saudade e até crueldade

Penando em você, preparei um banquete especialíssimo de palavras recheadas com poesia e sabores diversos. Cuidado ao lidar com essas danadinhas. Umas podem conduzi-lo a aventuras e prazeres ilimitados; outras nem tanto. O importante é descobrir qual é a delas e qual é a sua, entendeu? O resto é moleza.

Convido-lhe, portanto, para participar comigo, deste banquete de palavras. O anfitrião é nosso grande amigo – o dicionário. Ele adora palavras. Vive a arranjar significados para elas. Ele é enorme, e pomposo. É o grande guardião do meu palácio de palavras. Sinto-me tão protegido com ele, que não tenho medo de voar com e pela palavra. Obrigado, meu fiel escudeiro.

A mesa está pronta. Bom apetite. Sirva-se à vontade.

A palavra está com o SENHOR DICIONÁRIO