SINTAXE DA ORAÇÃO: SUJEITO (parte I)

Olá, meus caros! Aqui sou eu de novo para mais uma “aula” de nossa inestimável Língua Portuguesa. Hoje, vamos falar sobre um assunto que é muito fácil à primeira vista para nós, mas que ao se deparar com algumas questões em provas de concursos, tudo o que se sabe parece ir por água abaixo: o sujeito das orações! Esse nomezinho, cujo conceito todos nós sabemos, é muitas vezes, o martírio dos estudantes e aos curiosos que iniciam o estudo da Sintaxe, devido à gama de tipos e conceitos que, muitas vezes, não “abarcam” todos os exemplos do português e a partir disso vem toda a confusão. Mas vamos lá!

CONCEITO DE SUJEITO

Na gramática do português, o termo “sujeito” adquire vários conceitos, muitos deles incompletos ou inaplicáveis a algumas frases. No entanto, para fazer jus à maioria, o termo “sujeito” está definido conforme a seguinte frase, do gramático Domingos Paschoal Cegalla (2008, p. 324): “Sujeito é o ser sobre o qual se diz alguma coisa”. Para exemplificar, veja:

Ex.: Os atores foram aplaudidos de pé no teatro.

Veja, no exemplo acima, que há uma declaração sobre o termo “os atores” (a saber, que eles foram aplaudidos de pé). Segundo a gramática, o termo sobre o qual se fala alguma coisa é chamado de “Sujeito” e o que é declarado é conhecido como “Predicado” (estudaremos o predicado em outra oportunidade).

Existe, no entanto, um método mais simples (e idiota! kkk) que encontra o sujeito de uma oração. Lembramos que esse método não se aplica a todas as sentenças do português. Por isso que é idiota! Mas para os iniciantes, convém apresentá-lo, como base para outras análises. Para encontrá-lo, é muito simples: basta fazer uma pergunta ao verbo. Veja:

Ex.: A praia de Iracema é o melhor ponto turístico de Fortaleza.

Pela lógica, só há um verbo na oração acima: “é (ser)”. Assim, pelo método mais fácil, basta fazermos uma pergunta ao verbo para descobrir qual é o sujeito. Assim: “Qual é o melhor ponto turístico de Fortaleza?” A resposta, obviamente, é “A praia de Iracema”. Veja outros exemplos:

Ex.: Os carros e caminhões congestionam o trânsito.

“O que congestiona o trânsito?” Ora, “os carros e caminhões”!

Ex.: A professora leciona História na melhor universidade do estado.

“Quem leciona História na melhor universidade do estado?” Dããã! É claro que é o termo “a professora”!

Obs.: Segundo o criador deste método (que não sei quem é, obviamente), o sujeito da oração será a resposta completa à pergunta, da mesma forma como ocorre na oração original.

TIPOS DE SUJEITO

Na gramática do português, nós temos 4 (quatro) tipos de sujeito, sendo que um deles, se divide em dois, totalizando 5 (cinco) tipos. Vamos a cada um deles.

1. SUJEITO DETERMINADO

O sujeito determinado é aquele que vem expresso na oração. Sempre que lemos a frase, de imediato encontramos o sujeito. Observe:

Ex.: O vendedor ganhou um bônus do gerente da loja.

Pela lógica do conceito dado no início desta explicação, o termo sobre o qual se declara alguma coisa no exemplo acima é “o vendedor” (o mesmo termo é obtido quando utilizado o método da perguntinha!). Veio expresso na frase, o termo é classificado como sujeito determinado.

Além disso, o sujeito determinado pode vir de duas formas: ou ele é classificado como “determinado simples” ou “determinado composto”, dependendo do número de núcleos presentes no sujeito. O núcleo é a palavra mais importante do sujeito, pois, se retirada, a oração perderá o seu sentido lógico. Veja em detalhes:

a) Sujeito Determinado Simples: ocorre quando o sujeito possui apenas 1 (um) núcleo. Veja:

Ex.: As praias do Nordeste são conhecidas por sua incrível beleza.

Olha a perguntinha: “O que são conhecidas por sua incrível beleza?” Ora, a resposta (sujeito) é “as praias do Ceará”. Agora vejamos qual seria o núcleo dessas quatro palavrinhas que constituem o sujeito do exemplo acima. Para se descobrir o núcleo do sujeito é muito simples: basta ir retirando da frase todos os elementos que compõem o referido sujeito e observar se a frase, mesmo com o elemento retirado, ainda possui sentido lógico. Neste caso, o único termo que, se retirado, prejudica o entendimento da frase é “praias”. Eis o núcleo do sujeito no exemplo acima. Como é apenas 1 (um), o sujeito da frase acima é classificado como Sujeito Determinado Simples.

b) Sujeito Determinado Composto: ocorre quando o sujeito apresenta dois ou mais núcleos. Veja:

Ex.: Casas, carros e pessoas foram levados pela enxurrada.

Olha a perguntinha de novo: “O que foram levados pela enxurrada?” A resposta (sujeito) seria: “casas, carros e pessoas. Dessas quatro palavras que compõem o sujeito dessa frase, percebam que três delas são importantíssimas para a compreensão global da oração: “casas”, “carros” e “pessoas”. Essas três palavras são classificadas como núcleos do sujeito; e este, é classificado como Sujeito Determinado Composto.

2. SUJEITO INDETERMINADO

Em oposição ao sujeito determinado (que vem expresso na oração), o sujeito indeterminado não vem expresso na oração. Isso geralmente ocorre porque não se sabe quem pratica a ação verbal. Mas que há algo ou alguém, isso há! No entanto, existe duas maneiras que utilizamos para classificar uma frase com sujeito indeterminado. Vejamos:

1ª. Para que o sujeito seja indeterminado, o verbo da oração deve estar na 3ª pessoas do plural (eles/elas). No entanto, não se sabe ainda quem praticou a ação verbal. Observe:

Ex.: Mataram o presidente daquele país ontem.

De imediato, repare que não há sujeito expresso na frase acima. A partir daí, a possibilidade dessa frase possuir sujeito determinado está excluída. O segundo passo seria observar o verbo da oração. “Mataram (matar)” está conjugado na 3ª pessoa do plural (eles/elas mataram). Agora observe: “Quem matou o presidente daquele país?” Não se sabe, embora tenha um criminoso por aí. Temos aí uma oração com Sujeito Indeterminado. Mas aí vocês poderiam questionar: “Sabemos sim quem o matou! Foram ELES! O sujeito da frase seria, portanto, “eles”! Segundo a gramática, está incorreto, pois “eles” quem? Quem seriam esses “eles”? Mesmo com esse “eles”, não se sabe com exatidão quem praticou a ação, ou seja, quem foi o criminoso desgraçado! kkk

2ª. Para que o sujeito seja indeterminado, o verbo da oração deve estar na 3ª pessoa do singular, seguido da partícula SE, além, é claro, de não se saber quem é ou o quê que pratica a ação verbal. Veja:

Ex.: Precisa-se de muitos operários para trabalhar naquela empresa.

Como no exemplo anterior, note que não há sujeito expresso na oração acima. Será que essa frase apresenta sujeito indeterminado? Vejamos. Observe, inicialmente, que o verbo está na terceira pessoa do singular, acompanhado da partícula SE.

PRESTE ATENÇÃO AO QUE VOU DIZER AGORA: esse SE é um índice de indeterminação do sujeito, ou seja, é uma partícula que indica que o sujeito é indeterminado, assumindo a sigla IIS. Existe uma maneira bem simples (é um “bizu”, tá) para identificar se o SE é um índice de indeterminação do sujeito. Em primeiro lugar, observe a frase acima: na sequência, temos em primeiro lugar o verbo na 3ª pessoa do singular + SE, ok? Ótimo. Observe agora o que vem após o SE. Certamente é a palavra “de”. Qual é a classificação gramatical da palavra DE? Obviamente é uma preposição. Eis aí a dica: quando depois da partícula SE vier uma preposição, ou um adjetivo ou um advérbio, o SE obrigatoriamente é um índice de indeterminação do sujeito e a oração, portanto, apresenta sujeito indeterminado. (PARA MAIORES ESCLARECIMENTOS, VER ARTIGO "O 'SE' (PARTE II)".

Voltando ao exemplo acima, após descobrir que o SE é um índice de indeterminação do sujeito (a partir da dica), perceba que se observarmos a frase como um todo, veremos que existe um ser que precisa de operários, mas não se sabe quem é ou não se quer dizer. Esse é o tipo de sujeito indeterminado: existe, mas não se sabe quem exatamente é.

Bom, já escrevi demais! Por hoje é só. Na parte II deste artigo, explicarei como identificar e classificar os dois outros tipos de sujeito que se tem no português: o sujeito inexistente e o sujeito oculto (ou elíptico). Até mais!

Rafael Füller
Enviado por Rafael Füller em 03/09/2011
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