O IRREVERENTE JÁNIO QUADROS
       
      Pela irreverência janista e pelo pitoresco do quadro vale a pena a leitura. O ex-presidente Jânio Quadros foi professor de português, escritor (contista, mormente), gramático, lexicógrafo (produziu um bom dicionário da língua portuguesa) e especialista, quando presidente, em dar ordens por meio de bilhetes. Em sua campanha à presidência notabilizou-se por aparecer em quadros de TV com uma vassoura (foto ao alto), no rádio com um jingle: “Varre, varre vassourinha”, que ele dizia ser “Para limpar a bandalheira”, mas acabou “fazendo sujeira” ao renunciar à presidência após sete meses de um confuso governo devido a “forças terríveis” (sic).  Mas o homem era assaz letrado - gostava de usar os pronomes - e muito austero.

     Certa vez fazia uma palestra para estudantes, em São Paulo, em meados de 1978, no aceso de intensa mobilização nacional em favor da anistia.  Um rapaz levantou o braço e, de chofre, fez-lhe a pergunta: 
   - Você é a favor da anistia ampla, geral e irrestrita?
Jânio, claro, não gostou nem um pouco do tratamento. “Você”. Esta não! É demais. E lascou:
   - Intimidade gera duas coisas: aborrecimento e filhos. Com o senhor não posso ter filhos e não quero ter aborrecimentos. Por isso, exijo que me respeite. Trate-me de senhor!
 
Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 09/09/2011
Reeditado em 09/09/2011
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