Ditos Populares - Sentido conotativo (1)

DITOS POPULARES – (Sentido conotativo) (1)

É pelo dedo que se conhece o gigante!

Objetivamos, através de exposições coloquiais, tendo como enfoque “ditos populares”, utilizar alguns desses importantes, indispensáveis e curiosos recursos linguísticos, inseridos no contexto redacional, que caracterizam a linguagem figurada ou conotativa,

Sem delongas, colocamos a mão na massa, evitando que o olho seja maior que a barriga, comendo o mingau pelas beiradas, a conduzir, cautelosamente, a proposta, cozinhando-a em banho-maria. Do contrário, estaremos sujeitos a privar-nos da azeitona da empada, e embananado, a provar um angu de caroço, a beber água por vinho.

Iniciamos, arrolando expressões em que predominam vocábulos e ideias, vinculadas ao corpo humano, algumas abrangendo manifestações genéricas, e tantas outras fazendo alusão a alimentos, corroborando que é pelo estômago ou pela boca que se processa a conquista.

Contudo, a tarefa, aparentemente fácil, sem entraves, autêntica sopa no mel, ou quem sabe verdadeiro mamão com açúcar, revela-se uma batata quente às mãos, um pepino, a exigir esforços para descascar o abacaxi, sob pena de notarmos que, por vezes, dá crepe, perigando que compremos gato por lebre, e sua existência torne nula todos os esforços.

Assim sendo, quando o negócio desanda, de nada vale, nem mesmo chorar as pitangas ou ter pernas pra que te quero ante o leite derramado. A saída, talvez, seja mandar tudo às favas, a provar que a rapadura é doce, mas não é mole. E embora pimenta nos olhos dos outros seja refresco, não é prudente beber água na orelha dos outros.

E com o intuito de vender o peixe, temos a clara percepção e o cuidado de que é inviável fazer-se a omeleta sem quebrar os ovos, uma vez que o apressado come cru, e pode, por imprudência, enfiar o pé na jaca. Exige-se, destarte, cautela, pois o caldo pode entornar.

Entretanto, quem não arrisca, não petisca, e a persistência atesta que é de pequeno que se torce o pepino, e água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, desde que não se confundam alhos com bugalhos.

A cada etapa desta salada de frutas, sem passar do ponto, sem engrossar o caldo, bem como tentando não encher linguiça, já que de grão em grão a galinha enche o papo, o universo se amplia.

Nosso patrimônio vocabular e linguístico, manancial inesgotável pelas contribuições que a ele se agregam, coloca-nos a faca e o queijo na mão. Faz-se mister separar o joio do trigo, para percebermos que a beleza não põe mesa e toda farinha tem seu dia de araruta.

Mesmo na superficialidade dessa análise, ocorrem-nos múltiplos ditos, contudo, sem ir com sede ao pote, nem tirando doce da boca das crianças, menos ainda juntando a fome com a vontade de comer, predominam construções, a enfatizar o negativismo do fato. Não é sem razão que quem comeu e não gostou, lastimavelmente, cospe no prato e procura alguém que pague o pato ou seja o bode expiatório, isto se não estiver nos ludibriando ao chorar de barriga cheia.

Em nossas variantes expressionais, deparamo-nos com muitos que, inconscientemente, só dizem abobrinhas, são interlocutores de meia-tigela, vacilam e, por imperícia, pisam no tomate, pisam na batatinha, viajam na maionese. Outros, prolixos, escondem a poeira do desconhecimento debaixo do tapete, tentam puxar a brasa para a sua sardinha, o fogo para o seu assado, a fim de que não se vá tudo água abaixo: por que esquentar a água para outros tomarem mate? Como decorrência, empurram as dificuldades com a barriga, a julgar que, com o tempo, as águas passadas não movem moinhos e o que não mata, engorda.

Bem sabemos que quando as coisas azedam há a iminência de provarmos do pão que o diabo amassou. Ratifica-se a máxima de que quem nunca comeu melado, quando come se lambuza. Mesmo sob os limites da sardinha em lata, contradiz-se o valor de preço de banana, e nota-se que embaixo do arroz tem linguiça e nem tudo é farinha do mesmo saco.

Já que ingressei como arroz de festa nesse folguedo, e ainda existe muito café no bule, no frigir dos ovos, cremos que a conversa tenha chegado à cozinha, e mesmo com água na boca, vamos saindo antes que tenhamos de ir plantar batatas.

Jorge Moraes – jorgemoraes_pel@hotmail.com

Jorge Moraes
Enviado por Jorge Moraes em 08/10/2011
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