“ESCREVA-ME” OU “ME ESCREVA” SOBRE O OCORRIDO

Ensinam os grandes estudiosos do idioma que, fora dos domínios da linguagem poética e doméstica, NÃO se deve começar o período com pronome oblíquo átono. Assim, na linguagem literária, NÃO se deve iniciar um período com pronome oblíquo átono [me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as].

Tolera-se, entretanto, a DISSÍNCLISE — má colocação dos pronomes oblíquos átonos — na linguagem doméstica e na poesia. Sabe-se, entretanto, que os escritores mais modernos vêm estampando os pronomes oblíquos átonos no rosto das proposições; mas isso não deve servir de padrão de vernaculidade.

Respondendo a um consulente que o interrogava a respeito de posição do pronome oblíquo átono no começo da sentença, assim se expressou o grande JOSÉ DE SÁ NUNES: “É solecismo empregar-se o pronome oblíquo no começo do período. Não duvido, porém, de que mais tarde, daqui a meio século, talvez o uso popular do Brasil consiga enobrecer tal colocação pronominal.” (Aprendei, II, p. 77).

A que tudo indica, já chegamos a isso, uma vez que nossos atuais linguistas, entre eles o renomado Prof. MARCOS BAGNO, opõem-se veemente contra essa regra entre nós, por entendê-la “forçada” e “artificial”.

Observação: Embora nossos dicionários, entre eles os mais renomados [HOUAISS e AURÉLIO], não consignem o vocábulo DISSÍNCLISE, ele existe em linguística. Leciona, a propósito, o renomado Prof. TASSILO ORPHEU SPALDING:

“DISSÍNCLISE — Infração das regras de colocação das variações pronominais me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as: “Eis aqui o lugar onde eclipsou-se...” (deveria ser: “onde se eclipsou). (Dicionário Brasileiro de Gramática, Editora Cultrix, s/d, p. 73).

Coisas da nossa inigualável Língua Portuguesa...

David Fares
Enviado por David Fares em 25/11/2011
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