“TODO [O]” / “TODA [A]” / “TODOS [OS]” / “TODAS [AS]”

A maioria dos estudiosos do idioma faz a seguinte distinção quanto ao uso de “todo”: “todo” [sem artigo] significa “qualquer”; “todo o” [com artigo] tem a acepção de “inteiro”.

Exemplos:

Todo homem é mortal.

Todo o colégio adventista se apresentou na cerimônia.

Toda cidade tem nome.

Toda a cidade se assustou com o fato.

No plural, entretanto, em qualquer das acepções mencionadas, NÃO se dispensa o artigo.

Exemplos:

Todas as cidades têm nome.

Todos os homens são mortais.

Nem sempre, porém, os clássicos fizeram essas distinções. Diz, a propósito, o notável SAID ALI: “Nada mais engenhoso, mais claro e mais simples que essa fórmula (ajuntai o artigo, e “todo” equivalerá a “inteiro”; retirai-o, e será o mesmo que “qualquer”); porém nada mais falso.” (Dificuldades, p. 165).

Lembra o citado mestre a frase “todo Portugal”, em que é manifesta a supressão do artigo “o”, embora exista ali a ideia de “totalidade”, de “inteireza”.

Segundo se infere da respeitável lição do festejado mestre SAID ALI, o artigo NÃO pertence a TODO, mas ao substantivo seguinte. Se este não é usado com artigo, é evidente que “todo” aparecerá sem artigo, ainda que tenha o sentido de “inteiro”. “Todo Portugal” quer dizer “Portugal inteiro”, e o artigo aqui não aparece simplesmente porque o substantivo Portugal o rejeita.

A referida obra apresenta ainda outros aspectos relevantes do assunto gramatical em apreço. Nada obstante, cumpre anotar, por fim, que “todo”, com a ideia de “plenitude”, de “inteireza”, pode pospor-se ao substantivo, o que não é possível quando tem a acepção de “qualquer”.

Exemplo:

Toda a cidade se alegrou com a visita da bela Leudegunda.

[= A cidade toda se alegrou com a visita da bela Leudegunda].

É ou não curiosa e apaixonante nossa inigualável Língua Portuguesa?

David Fares
Enviado por David Fares em 27/11/2011
Reeditado em 27/11/2011
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