Enfim, uma escrita unificada   
                                                          Sérgio Martins Pandolfo*    
 

    Passo da maior Importância foi dado pelo governo português para a implantação oficial e exclusiva das regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa naquele país irmão, de que são signatários o Brasil e demais países componentes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Resolução do Conselho de Ministros determinou a aplicação do Acordo Ortográfico a partir de 1 de Janeiro de 2012, ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Governo, bem como à publicação do Diário da República.  Similarmente, por meio da Deliberação n.º 3-PL/2010, de 15 de dezembro, “a Assembleia da República, a partir de 1 de janeiro de 2012, passa a aplicar a ortografia constante do Acordo Ortográfico em todos os seus atos legislativos e não legislativos, bem como nas suas publicações oficiais e instrumentos de comunicação com o exterior”.
    Com essas decisões praticamente se consolida a adoção do acordo e se põe fim a uma situação que já vinha perdurando havia muitas décadas, qual seja, ser a Língua Portuguesa a única entre os idiomas universais de cultura a ter duas ortografias oficiais – a de Portugal (com suas ex-colônias) e a do Brasil -, o que impediu, até aqui, que o português fosse admitido como língua oficial da ONU, cabendo-lhe apenas servir como “língua de trabalho”.
   No Brasil, igual medida tomada pelo presidente Lula, oficializando a normativa acordada entre os países lusofônicos a partir de 01/01/2009, com um período de adaptação de quatro anos que se extinguirá no final do exercício corrente, vimos a imediata adesão dos órgãos da mídia em todos os seus segmentos, o que fez com que a população tomasse contacto com as mudanças – que são poucas, fáceis e simplificadoras – e logo as absorvesse. O Acordo simplifica e sistematiza vários aspectos da ortografia e elimina algumas exceções de grafia, acentos inúteis, garantindo uma maior harmonização ortográfica. Por incidir apenas sobre a ortografia, mantém-se a pronúncia e o uso das palavras inalteráveis. A norma acordada visa dois objetivos: reforçar o papel do idioma luso (3º mais falado do ocidente) como língua de comunicação internacional e garantir uma maior harmonia ortográfica entre os oito países partícipes da CPLP.
   Claro que há os renitentes, os inconformados que logo, logo, terão que a adotar, pois a normativa tem força de lei e, assim, cabe cumpri-la, como já ocorrera aquando de outras reformas até mais profundas e complexas. A redizer Fernando Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Àqueles que recalcitram lembramos que a grande maioria dos que se declaram contrários às novas regras ao serem inquiridos dizem desconhecerem-nas, ou seja, são do tipo: “Não li e não gostei!”.
   Destarte espera-se que em Portugal ocorra fato semelhante e já se observa em vários segmentos midiáticos, em especial nos blogues e sítios internetianos, adesão às novas regras, fazendo questão de informar: “Segue as normas do Acordo Ortográfico”. E note-se que por ocasião da assinatura efetivada pelo presidente Lula do Brasil e pelo Primeiro Ministro português ficou acertado um período de adaptação de quatro anos para o Brasil e de seis anos para Portugal, cuja escrita sofrerá um percentual maior (o dobro) de modificações, encerrando-se em 31/12/2015. A partir daí a lusa língua passará a ter escrita única para todos os países de expressão oficial portuguesa, a saber: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Timor-Leste, componentes da CPLP; Macau, onde é cooficial, em alguns que se ajuntaram à CPLP como observadores, tais a Guiné Equatorial, o Senegal e ilhas Maurício, bem como núcleos de antigas possessões do Império Português, tais: Goa, Damão e Diu na Índia, Malaca, Sri Lanca e muitos outros, integrantes  do majestoso caudal da lusofonia que se esparrama, soberbo, pelos seis Continentes. Para o Brasil que aspira a ter uma cadeira permanente na corte internacional supranacional da ONU isso é simplesmente indefectível.
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Acima alegoria representativa da CPLP aquando de reunião de trabalho ocorrida em 2009 em Moçambique
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
 sergio.serpan@gmail.com  -  serpan@amazon.com.br   www.sergiopandolfo.com
Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 20/01/2012
Reeditado em 24/01/2012
Código do texto: T3450593
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