A INCONVENIÊNCIA DOS LUGARES-COMUNS

Ao redigir qualquer texto, é sempre aconselhável observar o que ensinam os grandes estudiosos da Língua Portuguesa, mantendo-se assim, na medida do possível, a riqueza e a beleza do idioma pátrio.

Ensina, com a autoridade acadêmica de sempre, o saudoso Prof. FRANCISCO DA SILVEIRA BUENO, in “a Arte de Escrever”, Edição Saraiva, 1961, p. 131, 132-133:

“O maior perigo por evitar são os lugares-comuns, as chapas, os chavões que vivem nos lábios de quase todos os preguiçosos da inteligência. A leitura dos jornais é a pior escola deste defeito intolerável, pois que a linguagem dos repórteres é toda tecida de tais lugares-comuns, que vagão repetindo quase inconscientemente, na pressa da imprensa diária.”

E, na mesma obra, prossegue, com muita lucidez, o festejado estudioso SILVEIRA BUENO:

“EXPRESSÕES QUE DEVEM SER EVITADAS

Quando o astro-rei se atufava no horizonte — Hoje mais do que nunca o Brasil precisa de filhos corajosos — Não se sabia o que mais admirar: se a paciência do enfermo ou a dedicação do médico — Com a alma ajoelhada — Com a alma genuflexa — Com o coração nos lábios — Com a alma despedaçada de amargura — Com a voz embargada de emoção — Neste momento solene — Os dedos róseos da aurora — O sol tingia de ouro as fimbrias do horizonte — Misto de alegria e de tristeza — O que me vai na alma — Pela vez primeira — Pálido de espanto — Quis esta assembleia, fosse eu o orador...— O monstro dos olhos verdes — A medicina fora impotente — O sinal dos tempos — Pessoa dinâmica — Seria fastidioso enumerar — Não cabe na linguagem humana — O sexo frágil — O belo sexo — O sexo débil, etc.”

É ou não curiosa e apaixonante nossa Língua Portuguesa?

David Fares
Enviado por David Fares em 10/02/2012
Reeditado em 10/02/2012
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