A UNIFORMIDADE DE TRATAMENTO num texto.

Em nosso recente texto-"desafio" (aquele período com 3 erros a serem detectados), um desses erros dizia respeito diretamente à UNIFORMIDADE DE TRATAMENTO, que, a nosso ver (ao lado dos VÍCIOS DE LINGUAGEM) é um dos conteúdos dos mais importantes da língua portuguesa, para fins da prática de produção textual.

A despeito disso, lamentável e injustificada-mente, as gramáticas não dão o destaque devido (e deveria ser trabalhado em TODAS AS SÉRIES a partir do 6o. ano). Por conse- quência, é relegado, no rol dos conteúdos da língua portuguesa, a um segundo plano nos planejamentos pedagógicos dos docentes, até de estabelecimentos educacionais tidos como "a nata do ensino". Resulta-

do previsível da parte dos alunos : produções textuais com total i-

nobservância deste assunto. Alguns alegam tratar-se da defesa da

linguagem popular que é (para esses) a que deve predominar. Até

poderíamos concordar com isso se esses alunos não viessem, volta e

meia, a estar sendo cobrados quanto ao domínio disso.

Face a isso, achamos oportuno destacar, numa

publicação exclusiva (esta), um mínimo de informações a respeito da

questão.

A UNIFORMIDADE DE TRATAMENTO está direta-

mente ligada ao PROCESSO DE COMUNICAÇÃO, no qual se destacam AS P E S S O A S D O D I S C U R S O, que são estas :

1A. PESSOA :

. Representada pelos pronomes pessoais EU e NÓS, que

indicam QUEM FALA (o emissor);

2A. PESSOA :

. Representada pelos pronomes pessoais TU, VOCÊ, VÓS e

VOCÊS, que indicam COM QUEM SE FALA (o interlocutor ou destinatá-

rio); e

3A. PESSOA :

. Representada pelos pronomes pessoais ELE, ELA, ELES e

ELAS, que indicam DE QUEM SE FALA.

" A UNIFORMIDADE DE TRATAMENTO toma por

base o segundo caso acima (destaque para O INTERLOCUTOR -"COM QUEM" se fala -) e consiste em que O SEGUNDO E SUBSEQUENTES VERBOS (E RESPECTIVOS PRONOMES POSSESSIVOS E DEMONSTRA-TIVOS) DE UM PERÍODO DEVEM ESTAR NA MESMA PESSOA EM QUE SE ENCONTRA O PRIMEIRO VERBO NELE EMPREGADO".

Para melhor ilustrar, tomemos por base este

exemplo QUE NÃO PRATICA A UNIFORMIDADE DE TRATAMENTO :

"ESFORÇAI-vos o melhor possível na prática do bem, pois que TERÁS a tua recompensa quando menos IMAGINAR".

Nesse pequeno trecho, foram cometidos 2 er-

ros de uniformidade de tratamento, tomando-se por base o primeiro VERBO nele empregado.

Aplicando o embasamento gramatical contido no

trecho aspeado acima :

O primeiro verbo deste período (ESFORÇAI) a-

cha-se na 2a. pessoa do plural, correspondente ao pronome pessoal

reto "vós". Por consequência, o pronome átono ("vos" - sem acento) que vem imediatamente após o verbo é o correspondente à 2a. pessoa do plural.

O segundo verbo deste período (TERÁS) acha-se na 2a. pessoa do singular, correspondente ao pronome pessoal reto

"tu". Neste caso, empregado de forma inadequada. Deveria ser "TEREIS" para manter a mesma pessoa verbal do primeiro verbo. O pro-

nome possessivo (tua) passa a ser "vossa" - que é o correspondente

à 2a. pessoa do plural.

O terceiro verbo deste período (IMAGINAR) a-

cha-se na 3a. pessoa do singular (do futuro do subjuntivo), correspon-

dente ao pronome pessoal reto "você". Neste caso, novamente, de em-

prego indevido. Deveria ser IMAGINARDES, para manter a mesma pes-

soa verbal do primeiro verbo.

É nisso que, basicamente, se resume a UNI-

FORMIDADE DE TRATAMENTO.