NEM TODO PLEONASMO SE CONDENA

Nem todo pleonasmo se condena. Condenam-se a PERISSOLOGIA [= vício de linguagem que consiste em repetir várias vezes, por palavras diferentes, um pensamento já enunciado], a TAUTOLOGIA [= vício de linguagem que consiste em dizer, por formas diversas, sempre a mesma coisa] e a BATOLOGIA [= repetição inútil de uma palavra, frase ou pensamento].

Se a repetição dá vida ou luz ao dizer, deixa de ser vício de linguagem para ser ornamento dela. O pleonasmo deixa de ser vício se avigora o pensamento, se embeleza o dizer. Se a redundância não tem esse poder, deve ser evitada, visto que o emprego do pleonasmo, como se sabe, exige arte; por isso, não é qualquer escritor que deve servir-se de tal recurso linguístico.

Embora KARL VOSSLER chame ao pleonasmo “quimera gramatical”, “luxo” (Filosofia del Lenguaje, p. 193), é ele figura largamente usada pelos escritores de todos os tempos. “Entrei a amar Virgília com muito mais ardor, depois que estive a pique de a perder, a mesma cousa lhe aconteceu a ela.” (Machado de Assis, Brás Cubas, p. 256).

Coisas da nossa inigualável Língua Portuguesa...

David Fares
Enviado por David Fares em 07/03/2012
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