ESSA É UMA QUESTÃO “BANAL”

Conquanto nossos dicionários e o próprio Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa — VOLP já registrem, há algum tempo, o vocábulo “banal”, existem ainda clássicos que refugam o vocábulo francês “banal”, alegando, até com certa razão, que temos em nosso adorável idioma os vocábulos “trivial”, “comum”, “corriqueiro”, “vulgar”.

De fato, é bem farta a sinonímia. Entretanto, não devemos considerar maculador do idioma aquele que de dita “francesia” se utiliza, pois, do contrário, levaríamos essa nódoa a grandes prosadores do Brasil e de Portugal, segundo se infere dos seguintes e clássicos exemplos:

“E disse palavras “banais” a respeito do colorido.” (Camilo Castelo Branco, Vingança, p. 62).

“Até aqui tudo é ‘banal’.” (Machado de Assis, A Semana, III, p. 14).

Em “A Semana”, do imortalizado Machado de Assis, aparece “banalíssimas”, superlativo de “banal”, o que, para nós, prova e comprova estar a palavra em apreço inteiramente aclimada.

“Mas aí me embrulho eu, e estou quase a perder-me em filosofias grossas e ‘banais’. Oh! ‘Banalíssimas’.” (A Semana, III, p. 435).

Até mesmo o grande CÂNDIDO DE FIGUEIREDO, tão intransigente em face dos estrangeirismos, escreveu: “Vale a pena transcrever, porque não é ociosa nem ‘banal’, a seguinte carta...” (Lições Práticas).

Diz, a propósito, o festejado ANTENOR NASCENTES:

“’Banal’ (para muitos, galicismo que se deve evitar) é o de toda gente, tanto da classe alta como da baixa, especialmente desta.” (Dicionário de Sinônimos, Lexikon Editora Digital Ltda, 4ª ed., 2011, p. 115).

É ou não curiosa e apaixonante nossa inigualável Língua Portuguesa?

David Fares
Enviado por David Fares em 13/03/2012
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