O INCONFUNDÍVEL EMPREGO DE “CONQUANTO” E “PORQUANTO”
Não se deve confundir a conjunção “conquanto” com a conjunção “porquanto”. Esta última introduz orações causais ou explicativas, e equivale a “porque”, “visto que”, “já que”, “pois”, enquanto aquela é puramente concessiva, e equivale a “embora”, “apesar de que”, “mesmo que”, “ainda que”.
Exemplos:
O governo não reduzirá a taxa de juros, porquanto não deseja que haja aumento de consumo. [= “porque”]
Conquanto seja bastante rico, veste-se como um homem pobre. [= “ainda que”]
“E aqui verás tal ou qual esperteza minha; porquanto, ao ler o que vais ler, é provável que o aches menos cru do que esperavas.” (Machado de Assis) [= “visto que”]
“É possível, conquanto o não creiamos, que esse homem de Estado fosse um miserável, cuja desonra espadane ainda sobre aqueles que, iludidos, o sustentaram.” (Rui Barbosa). [= “embora”]
Nada obstante, jamais deixaremos de atentar para o fato de que “As razões da divergência são mais úteis do que as da concordância, porque suscitam reflexão e o reexame de nossas opiniões.” — B. Calheiros Bomfim.
É ou não curiosa e apaixonante nossa inigualável Língua Portuguesa?