Eis os Interrogativos da Língua Portuguesa

Doutor Napoleão, Gramática Metódica: "Interrogativos: São assim chamados que, quem,qual e quanto, quando participantes de orações interrogativas: 'Que horas são?' -'Que hora é?' -'Quem disse?' -'Qual homem isso conseguirá?' -'Quantos soldados devemos mandar?' -'Quanto queres?'...............................................

Não constitui construção sintaticamente legítima o emprego da forma 'o que' como pronome interrogativo, embora comum no linguajar do povo e, mais ainda,encontrado em bons escritores. O que sois? (Gonç, Dias) -O que será padre? (Garrett) -O que te fez, meu filho? (Odorico Mendes) -O que será feito de frei Timóteo? (Alex. Herculano) -O que fariam eles? (Latino Coelho) -O que era isto? (Castilho) -O que são sílabas? (Aulete).

Também o espanhol luta com o popular interrogativo 'el que'.

Não é construção legítima, porque o 'o' ( ou o 'el' espanhol) nenhuma função sintática fica exercendo na oração, emprega-se somente quando estritamente necessário para a eufonia, o que se dá quando o 'que' vem depois do verbo: 'Fez ele o quê?' -'Mandarias o quê?'

Iniciando a oração o 'que', mais castiçamente, deverá vir desacompanhado do 'o', porque neste caso é sintática e eufonicamente inútil: 'Que queres?' -'Que há?' -'Que?!' "

Eu sigo estes passos do Dr.Napoleão Mendes de Almeida, Luis Vaz de Camões:

"....- 'Que gente será esta?' (em si diziam) 'Que costumes, que Lei, que Rei teriam?' .................Quem sois, que terra é esta que habitais, Ou se tendes da Índia alguns sinais?'.......Que de tão pouca gente se arreceia?........Que tivesse contra ela resistência?....Que mor coisa parece que tormenta? ...Que descuido foi este em que viveis?....Que esperais? Por que a pondes em tardança?...Que entre o Tarteso e Guadiana habita?......." (Os Lusíadas).// Soneto (título): Que me quereis, perpétuas saudades? ....(Idem): Que levas, cruel Morte? - Um claro dia (1598)

Antônio Vieira:"....depois de assim libertado Portugal, que lhe sucederá? (Bons Anos)//.....Que direi do império dos Romanos?....." (História do Futuro) etc.

Neste caso também sigo Machado, quando ele não se desvirtua:

Machado de Assis: "... Que é isso? perguntou Félix .... Que é isso? disse uma voz estranha. que é isso para quem já abraçou uma serpente? ...... que é mais da imaginação que da realidade?......Mas que é a vida senão uma combinação de astros e poços, enlevos e precipícios? ( Ressurreição)//// "....— Bem; se a Sociedade Protetora dos Animais não protege o cão nem o burro, o que é que protege?......— Mas que é que fez o tabelião assassinado?....." ( Crônica - Bons Dias).

-O certo é escrever: Que é cacofonia? ( E não: ["O"] Que é cacofonia? "...; se a Sociedade Protetora dos Animais não protege o cão nem o burro, que é que protege?...." -É verdade que muitos bons gramáticos abonam e muitos escritores de peso escrevem normalmente: "O" que é isto? "O" que é cacofonia? Entretanto, que função exerce aí na oração este "o"?) Quais são mesmos os interrogativos da língua portuguesa? Latim: Quid novi? Português: Que a de novo?

Dr.Napoleão: "..... Não constitui construção sintaticamente legítima o emprego da forma 'o que' como pronome interrogativo, embora comum no linguajar do povo e, mais ainda,encontrado em bons escritores................. Também o espanhol luta com o popular interrogativo 'el que'. Não é construção legítima, porque o 'o' ( ou o 'el' espanhol) nenhuma função sintática fica exercendo na oração, emprega-se somente quando estritamente necessário para a eufonia, o que se dá quando o 'que' vem depois do verbo: 'Fez ele o quê?' -'Mandarias o quê?'

Iniciando a oração o 'que', mais castiçamente, DEVERÁ VIR DESACOMPANHADO do 'o', porque NESTE CASO É SINTÁTICA E EUFONICAMENTE INÚTIL: 'Que queres?' -'Que há?' -'Que?!' "

Camões: "......Que famas lhe prometerás? Que histórias?

Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?...." ( Os Lusíadas).

Américo Paz
Enviado por Américo Paz em 26/07/2012
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