1- Aproveitando o período eleitoral, vale a pena comentar algo sobre as palavras “mandato” e “mandado”.
 
Os políticos, quando estão sendo eleitos, recebem um mandaTo dos eleitores.
Dessa forma os eleitores estão concordando que tal político eleito seja o representante legal deles, ou seja, os eleitores, quando votam, estão fornecendo uma procuração aos candidatos votados.
O político jamais recebe, nesse caso, um mandaDo, que seria uma ordem judicial. 
Talvez fosse interessante ao eleitor poder prender o político que o traiu, o representando mal no cargo o qual desfruta.
Se isso fosse possível, algum juiz determinaria a prisão do elemento e, através de um mandaDo de prisão, o político traidor veria o sol nascer quadrado.    
              
Eis uma “confusão” que não é difícil constatar.
 
2- Ainda sobre eleições, verificamos certas afirmações equivocadas quando existe o segundo turno.
Às vezes um candidato dispara nas pesquisas e sugere que vai vencer no primeiro turno. Após a apuração, contudo, ocorre a surpresa dele não somar mais da metade dos votos válidos.
Será necessário, portanto, acontecer o segundo turno.
 
É possível escutar alguém comentando “Fulano (o favorito que liderava as pesquisas), na hora H, perdeu.”.
Essa afirmação é um grande absurdo.
 
Destacando um exemplo, imaginemos uma eleição que apresenta três candidatos: Competente, Honesto e Sabido.
Durante as pesquisas, o candidato Honesto aparece com 54% das intenções de votos, mas, após a realização do primeiro turno, ele obtém 48% dos votos válidos, Competente recebe 42% dos votos e Sabido apenas 10%.
O segundo turno certamente acontecerá.
 
Podemos dizer que Honesto perdeu no primeiro turno?
Claro que não!
O único derrotado no primeiro turno foi o candidato Sabido.
Os outros dois podem ser considerados vencedores já que permanecem firmes na disputa.

Quem ganhou o primeiro turno?
Caso a gente considere o líder dos votos o vencedor, diremos que o candidato Honesto ganhou o primeiro turno, porém essa “vitória” não define a eleição.
Ele foi o líder, o ganhador do primeiro turno, mas pode tranqüilamente ser derrotado no segundo turno, perdendo a eleição.
 
Caso ele ganhe o segundo turno, podemos afirmar que tal candidato ganhou no segundo turno, no entanto jamais poderemos dizer, conforme é comum escutar, que o candidato Honesto perdeu no primeiro turno.
Também está correto afirmar que ele não ganhou no primeiro turno, porém é aceitável dizer que ele ganhou o primeiro turno, compreendendo que tal afirmação possui um valor apenas “estatístico” e não tem qualquer relevância em relação à disputa que continuará.
Ratificando essa idéia, na prática costumamos ouvir "O segundo turno é uma nova eleição!".
 
Percebam a contração no sendo decisiva nas afirmações citadas.
 
Se um candidato vence no primeiro turno, não ocorre o segundo turno, mas é possível, conforme vimos acima, dizer que Fulano ganhou o primeiro turno ainda que não tenha vencido no primeiro turno, ou seja, ele teve mais votos que o segundo colocado, porém não alcançou a maioria dos votos, por isso disputará o segundo turno, renovando assim a batalha eleitoral, podendo, no final do pleito, ser o perdedor.
 
Resumindo:
Ganhar o primeiro turno = Ter mais votos que os outros candidatos, entretanto sem definir a eleição que será decidida no segundo turno.
Ganhar no primeiro turno = Ter a maioria dos votos válidos, definindo a eleição sem a necessidade da realização do segundo turno.
 
É importante que as palavras sejam utilizadas possibilitando uma interpretação bastante objetiva e lógica.
 
3- Sem fugir das eleições, quero ressaltar agora a palavra “roubar”.
 
Escutamos as pessoas dizendo “Todos os políticos roubam”.
Não desejo analisar o conteúdo da frase, porém destacar o verbo utilizado.
É muito comum escutar as pessoas pronunciando RÓbam.
 
Para facilitar a pronúncia recomendada pela Gramática, podemos utilizar a seguinte frase: "A fã agarrou a roupa do cantor".
A sílaba rou aparece duas vezes nessa frase.
Pronto!
Do mesmo jeito que ela é pronunciada nos vocábulos “agarrou” e “roupa”, devemos pronunciá-la quando falamos a palavra “roubam”.
 
É um direito que o verbo possui o qual não podemos jamais permitir que os falantes roUbem.
 
4- Para encerrar, esquecendo agora as eleições, peço licença para recordar o sufixo –inho.
Tal sufixo origina o diminutivo dos substantivos (dedinho. gatinho).
O sufixo –inho aparece também intensificando os adjetivos (bobinho, chatinho) e os advérbios (agorinha, cedinho).
 
É comum escutar as mulheres falando “bonitinho” no sentido irônico, justificando a famosa frase “Bonitinho é sinônimo de feio!”.
(é importante esclarecer que eu jamais fui o alvo desse vocábulo. No meu caso, elas falam “lindo”, “gostoso”, “fofinho” etc.)
 
Quero destacar a palavra “bonitinho” numa situação muito pessoal.
Durante as aulas, quando estabeleço uma tarefa que deve ser realizada em casa, costumo explicá-la e finalizar assim: “Façam bonitinho!”.
Às vezes, cobrando a execução da tarefa, digo “Fizeram bonitinho?”.
Já escutei alguns alunos respondendo “Fizemos, professor, mas não foi bonitinho!”.
 
O vocábulo, nesse caso, é utilizado com a intenção de solicitar que os alunos façam com atenção, dedicação e esforço.
Equivale a dizer: “Tentem fazer bem feito!”.
 
Nunca falei “bonitinho” imaginando os alunos entregando a tarefa com enfeites ou algo desse tipo.
O “bonitinho” flui sem nenhuma conotação irônica.
Já se tornou uma palavra a qual expresso quase sem perceber.
 
* Espero que vocês tenham aprovado o meu texto e compreendido tudinho bem bonitinho.
 
Um abraço!
 
Ilmar
Enviado por Ilmar em 14/10/2012
Reeditado em 14/10/2012
Código do texto: T3931707
Classificação de conteúdo: seguro