REGÊNCIA [ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES]
Este texto é uma singela homenagem à memória de nosso grande “recantista” e amigo SÉRGIO MARTINS PANDOLFO, o qual falecera abruptamente em 9-1-2013, privando-nos de seu exemplar e saudável convívio.
Determinadas palavras [normalmente substantivos e verbos], que se ligam a seu complemento mediante preposições, são fonte de “imperdoáveis” erros [deslizes]. Segundo os autores mais exigentes, usar a preposição errada “agride” o ouvido. Por exemplo: “em protesto ‘a’” em vez de “em protesto ‘contra’”; “em torno ‘a’” em vez de “em torno ‘de’”.
Às vezes, mais do que “agredir” o ouvido, a regência errada “muda” completamente o sentido da frase e causa até mal-entendidos.
Exemplos:
Filisbina aspirava o ar da manhã. [= atraia o ar para os pulmões]
Filisbina aspirava ao ar da manhã. [= desejava o ar da manhã]
A regência, como se sabe, é um dos mais extensos e difíceis capítulos da sintaxe. Mesmo as melhores gramáticas abordam apenas parcialmente o tema. As dúvidas têm de ser resolvidas caso a caso com um bom dicionário [existem até dicionários especializados em regência!].
Seguem duas recomendações — e somente recomendações! — que não constam dos dicionários mais acessíveis.
— Não se recomenda, a bem da pureza do idioma, unir dois ou mais vocábulos com regimes diferentes a um mesmo complemento.
Exemplos:
Li e gostei do livro. [não recomendado]
Li o livro e gostei dele. [recomendado]
Li o livro e dele gostei. [recomendado]
— Conquanto as mais recentes gramáticas já “admitam”, deve-se, a bem da pureza do idioma, evitar construções com infinitivo precedido das contrações “do”, “da”.
Exemplos:
Já é hora do diretor se demitir desta empresa. [não recomendado]
Já é hora de o diretor se demitir desta empresa. [recomendado]