A grafia dos cardinais: lição para crianças

Vamos discutir, nesta coluna, a escrita dos numerais cardinais. Parece-nos que, por intuição, as pessoas normalmente escrevem de forma correta os numerais em nossa língua portuguesa. Vamos, passo a passo, verbalizar aquilo que nossa intuição já processa acertadamente e, quem sabe, aguçar a percepção de alguns sobre esse tema tão simples.

Um numeral como 223 (duzentos e vinte e três) grafa-se com o uso da conjunção “e” entre as ordens: empregamos a conjunção da centena para a dezena e desta para a unidade. Fácil, não?

Exemplifiquemos, agora, com 456.223 (quatrocentos e cinquenta e seis mil duzentos e vinte e três) ou, ainda, com 345. 456.223 (trezentos e quarenta e cinco milhões, quatrocentos e cinquenta e seis mil duzentos e vinte e três). Observamos, então, que a conjunção “e” continua aparecendo entre a centena e a dezena e entre esta e a unidade.

Observem também que, quando se muda de classe, ou seja, dos milhões para os milhares e destes para as unidades não se empregou a conjunção “e”. Viram? Seria incorreto grafar “quatrocentos e cinquenta e seis mil E duzentos e vinte e três”.

Creio que estamos caminhando. Tudo bem simples e prático. Creio, também, que já podemos concluir o seguinte: na escrita dos cardinais, usa-se a conjunção “e” entre as ordens de uma mesma classe.

Mas há algo mais a dizer. Em um numeral como 1.500 (mil e quinhentos) ou 1.002 (mil e dois) ou, ainda, 1.020 (mil e vinte) usamos a conjunção “e” fazendo a conexão entre a classe dos milhares e a das unidades. Por que será?

Isso, realmente, vai ocorrer se o numeral terminar em dois zeros ou, ainda, se a classe das unidades começar pelo algarismo zero. Simples, não?

Cabe, ainda, uma observação. Basta atentar para o nosso segundo exemplo. Vejam que não se usa a vírgula entre a classe dos milhares e a das unidades.

Sabendo isso, vocês estarão habilitados a escrever acertadamente os numerais em nossa língua portuguesa e, no futuro, poderão preencher com segurança cheques e cheques... Por enquanto, vão apenas treinando!

*Walter Rossignoli é professor de Língua Portuguesa no Instituto Federal do Sudeste Mineiro; é autor de “Português; teoria e prática”, pela Ática e de “Manual de ortografia; teoria e prática”, pela Ciência Moderna.