Elas também falam

Num final de semana, as orações adverbiais marcaram um encontro. O local escolhido foi na casa da TEMPORAL. Houve muita bebida, churrasco e música ao vivo. A anfitriã foi a primeira a tomar a palavra e disse:
- Quando fico zangada, não quero ninguém falando perto de mim. Eu determino o tempo em que a outra coisa acontece, aconteceu ou acontecerá.
Pensando um pouco, a CONDICIONAL lhe disse:
- Se você não mudar sua maneira de ver as coisas, vai viver sempre sofrendo. Não devemos guardar mágoas dentro de nós.
Não querendo ficar de fora, a CONSECUTIVA solta esta:
- Tamanha é a discussão de vocês que eu já estou ficando aborrecida. A vida não é só lamento. Há tantas coisas boas a contemplar.
- Embora a vida me pareça ingrata, não perco a esperança de vencer. – disse a CONCESSIVA. E completou: “Eu sou aquela que foge da rotina, sempre faço aquilo em que muitos não acreditam. Não gosto da mesmice.”
O papo foi ficando quente e logo aparece a CONFORMATIVA, dizendo:
- Conforme a vida vai me levando, eu vou levando a vida! Não estaciono no tempo. Ficar parado é perda de tempo. Acorda, galera! Eu não queria, mas só faço as coisas dependendo das determinações de alguém, sigo sempre um modelo, um padrão.
Tomando a palavra, aparece a FINAL, toda esperta, e diz:
- Eu contorno os obstáculos da vida para que eu viva feliz. Eu sou conhecida como o “PARA QUÊ”.
Observando tudo com muita atenção, a CAUSAL se aproxima das demais e com muita propriedade, diz:
- Porque a vida é cheia de pedras no caminho, muitos desistem facilmente. Eu aproveito as adversidades da vida, retomo a força e prossigo na caminhada..
Nisso a COMPARATIVA, toda debochada, chega de mansinho e fala aos ouvidos de sua amiga causal:
- Nossa! Você está falando bonito como uma verdadeira poetisa (fala). Está toda cheia de palavras bonitas. Não fique alegre, estou apenas te comparado com a maneira como uma poetisa fala. “Baixa a bola”, amiga causal. – finalizou a comparativa..
A conversa foi se estendendo e não querendo ser esquecida, a PROPORCIONAL tomou a palavra e toda filosófica, abriu a boca e exclamou:
- À proporção que vocês ficam aí discutindo, eu vou enchendo minha “pança” de comida! Na briga de dois cachorros, o terceiro chega e leva vantagem!
Todas riram da esperteza da proporcional.
Como é sabido, onde há “cachaça” e música geralmente surgem as “brigas”. A causal querendo criar problemas, disse:
- Desde que começou a chover, as pessoas não saem de casa. Isso é condicional ou temporal?
Nem imagina o que aconteceu! A temporal foi logo se explicando: “Claro que sou eu. Veja que o povo não saiu de casa quando comecei a chover”.
A causal, na verdade, tinha razão, queria descomplicar as coisas e para isso, disse: “Desde que faça sol, o povo sairá de casa”? É você também, temporal?
- Claro que não. – disse a temporal. Isso não me pertence!
O clima esquentou. A condicional saltou no meio da sala e disse:
- Esta é minha. Não está vendo que as pessoas só sairão de casa se fizer sol? Eu sou o “SE” das coisas. – explicou ela.
- Ah! Vocês são iguais na escrita, mas são diferentes a depender da construção da oração? É isso? – indagou a comparativa.
- Sem dúvida. – explicou a temporal.
O papo terminou assim:
- Como fez muito sol, as sementes não nasceram. Eu impedi as sementes de nascerem. – disse a causal.
- O aluno produziu os textos como foi solicitado pela professora. Ele não fez o texto de qualquer modo, mas seguiu uma orientação. – disse a conformativa.
- Eu me comporto como meus velhos pais. Não me comporto como qualquer um de vocês. Eu estabeleço uma comparação entre o comportamento de meus pais e o meu. Quem nos decora corre o risco de escorregar na casca da banana (risos). – concluiu a comparativa.

CUNHA. Eraldo. Agosto de 2013
 
ERALDO CUNHA
Enviado por ERALDO CUNHA em 13/08/2013
Reeditado em 22/06/2016
Código do texto: T4433275
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