“DERRAMAR” x “ENTORNAR” [BREVE RECAPITULAÇÃO]

Fizemos publicar, neste nobre espaço cultural, o singelo texto “DERRAMAR x ENTORNAR” [T3157907 de 13-8-2011], o qual, para nossa agradável surpresa, teve uma excelente acolhida por parte de nossos leitores.

Justamente por essa razão — e atendendo a alguns pedidos —, resolvemos “recapitulá-lo”, tornando-o mais aprazível àqueles ainda “inconformados” com o emprego desses “traiçoeiros” verbos, os quais NÃO devem [podem] ser usados indistintamente. É o que pensamos, salvo melhor juízo, até porque nunca fomos o dono da verdade!

DERRAMAR, historicamente falando, significa deixar sair pelos bordos, ou “verter-se o líquido que excede à capacidade” do vaso, ou que sai deste “por alguma fenda ou orifício.”

ENTORNAR, por sua vez e historicamente falando, significa “derramar virando ou agitando o vaso”; “verter todo ou parte do líquido que o recipiente contém”. Uma vasilha, por exemplo, mesmo estando de pé, pode “derramar”; só “entorna” quando voltada.

Acresça-se a isso que o verbo “entornar” se aplica tanto à coisa contida no vaso como ao próprio vaso.

Exemplos:

Entorna-se o copo.

Entorna-se o leite.

Derrama-se o leite [agitando o copo ou enchendo-o demais]; mas não se derrama o copo...!

Assim, por mais que se confundam na linguagem comum esses dois verbos, é preciso não esquecer que há entre eles uma clara distinção, ainda que já existam dicionários, no Brasil e em Portugal, dando esses verbos como sinônimos. Sobre o tema, vale a pena lembrar o que lecionou o saudoso e inesquecível ANTENOR NASCENTES, para quem:

“Derramar, entornar – Derramar é deixar sair pelos bordos da vasilha o líquido excedente. Entornar é deixar sair virando, emborcando. Ao encher um copo numa bica de água, não se tendo cuidado de fechar a bica a tempo, a água se derrama. Dando-se uma cotovelada num copo de vinho, o copo cai e o vinho se entorna.” (Dicionário de Sinônimos, Editora Nova Fronteira, 3ª ed., 1981, p. 216).

OBSERVAÇÃO: Trata-se de anotação feita em sala de aula quando ainda cursávamos o antigo 2º grau no Colégio da Polícia Militar do Paraná – CPMPR nos anos de 78 a 80!

Para reflexão: “O intelectual tem que travar luta constante contra a vaidade e o amor-próprio, que turvam a visão, embotam o senso autocrítico, desfiguram a personalidade de cada um.” — B. Calheiros Bonfim

David Fares
Enviado por David Fares em 07/11/2013
Código do texto: T4561252
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