“FALECER” E “MORRER” [NOSSO ENTENDIMENTO]

Depois de ler, neste espaço cultural, o interessante texto “A ‘Sacconagem’ Segue (‘Finar-se = Falecer Morrer’)” de autoria do ilustre recantista Américo Paz acerca dos significados desses dois verbos, resolvemos, como mero e eterno aprendiz da Língua Portuguesa, expressar NOVAMENTE nossa humilde opinião sobre o assunto, sem nenhum objetivo, é claro, de causar polêmica ou mal-estar a ninguém.

Esses verbos, em nosso humilde entendimento, têm sentidos diversos, embora existam conhecidos e respeitados dicionários no Brasil e em Portugal dando-os como sinônimos.

Nada obstante, justificamos nosso entendimento com base na autorizada lição do gramático e dicionarista LUIZ ANTÔNIO SACCONI:

“falecer e morrer — qual a diferença?

‘Falecer’ é morrer (ser humano) por doença ou naturalmente: ele ‘faleceu’ dormindo.

‘Morrer’ é deixar de viver ou perder a vida, de modo violento ou não: Ele ‘morreu’ de ataque cardíaco * A vítima ‘morreu’ no local do acidente * Queira Deus que eu não ‘morra’ disso! * Meu avô ‘morreu de velhice’.

O falecimento, ao contrário da morte, só exprime um efeito natural. A morte pode ser violenta; o falecimento jamais. Por isso, não se diz que, por efeito de um pavoroso acidente, as vítimas ‘faleceram’ no hospital, mas sim que morreram. Ayrton Senna morreu, e não ‘faleceu’, como quis um narrador esportivo de uma emissora de televisão, que se manifestou ‘muito consternado com o ‘falecimento’ do piloto brasileiro’. Não há também falecimento num assassinato; há morte, que serve para todos, indistintamente, velhos e moços. O falecimento é próprio dos velhos, dos que já viveram bastante.” (Corrija-se! de A a Z, Editora Nova Geração, 1ª ed., 2008, p. 230/231).

Em obra mais recente, consigna o mesmo festejado gramático e dicionarista LUIZ ANTÔNIO SACCONI

“o ‘falecimento’ de Ayrton Senna

O piloto brasileiro não ‘faleceu’. ‘Morreu’. Só ‘falece’ aquele que sai da vida naturalmente, ou por velhice. ‘Morre’ todo aquele que perde a vida, brutalmente ou não. Toda pessoa que falece, morre, mas nem toda pessoa que morre, falece. Uma pessoa assassinada não ‘falece’, ‘morre’. Um nonagenário, num asilo ou num leito de hospital, ‘falece’. Só a ‘morte’ pode ser violenta: o ‘falecimento’, ao contrário, apenas exprime um efeito natural e é sereno, calmo, tranquilo. Por isso, rezemos todos para ‘falecermos’, bem tarde, muito tarde!” (Não Erre Mais!, Editora Nova Geração, 30ª ed., 2010, p. 16).

Colhe-se do WIKCIONÁRIO – O dicionário livre [Internet] a seguinte e lúcida observação:

“Nota de uso

É frequente o uso desta palavra como sinônimo de morrer, talvez como eufemismo, mas o sentido não é exatamente o mesmo. Falecer é morrer no sentido de chegar ao fim da vida, como ocorre na velhice ou em consequência de uma enfermidade, com o matiz de desfalecimento, de processo gradual. O bom uso da linguagem exigiria que não se utilizasse falecer para se referir a uma morte súbita ou em um acidente: soa mal “faleceram oitenta pessoas na queda de um avião [...]”.

É o que pensamos, salvo melhor juízo, até porque nunca fomos o dono da verdade!

Para reflexão: “O intelectual tem que travar luta constante contra a vaidade e o amor-próprio, que turvam a visão, embotam o senso autocrítico, desfiguram a personalidade de cada um.” — B. Calheiros Bonfim

David Fares
Enviado por David Fares em 15/11/2013
Reeditado em 18/11/2013
Código do texto: T4571989
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