“FALECER” COMO SINÔNIMO DE “MORRER” [NOSSO DERRADEIRO TEXTO]
O eternizado Georges-Louis Leclerc — o Conde de Buffon —, deixou há muito consignado que “O estilo é o próprio homem”.
O estilo — consoante lição dos grandes mestres e escritores —, é o modo peculiar de falar e escrever de cada um. Quem o determina é a natureza; quem o corrige é a observação.
Assim, conquanto o verbo “falecer”, segundo nossos mais autorizados dicionários, seja, de fato, sinônimo do verbo “morrer”, pensamos, com honestidade, serem absolutamente despropositadas sentenças deste jaez:
“Voo 3054 da TAM deixa 199 ‘falecidos.’”
“Tufão Haiyan deixa mais de 4.400 ‘falecidos’”.
“O ‘falecimento’ de Ayrton Senna.”
Trata-se de uma questão de estilística — Arte de escrever de forma apurada e elegante!
Quando dizemos, por exemplo, “todo quadrado é redondo”, não cometemos nenhum erro de gramática, mas de estilística, que é, de fato, a arte de bem escrever.
Por isso — e tão somente por isso! —, pensamos que as sentenças acimas devam ser assim construídas a bem da estilística [e do próprio bom gosto!]:
“Voo 3054 da TAM deixa 199 ‘mortos.’”
“Tufão Haiyan deixa mais de 4.400 ‘mortos’”.
“A 'morte’ de Ayrton Senna.”
Coisas da nossa intrigante e admirável Língua Portuguesa...
Para reflexão: “O intelectual tem que travar luta constante contra a vaidade e o amor-próprio, que turvam a visão, embotam o senso autocrítico, desfiguram a personalidade de cada um.” — B. Calheiros Bonfim