1- Todos conhecem a famosa frase de Jânio Quadros:
“Fi-lo porque qui-lo”
 
O autor da frase desejou dizer o seguinte:
“Eu fiz o que fiz porque quis fazer” ou “Eu agi assim porque estava com vontade de agir assim.”
 
Uma criança diria:
“A vontade é minha, a ação é minha, fiz, faço, faria de novo!”
 
Parece que a frase nasceu após indagarem o porquê de Jânio Quadros ter renunciado.
Ele, então, respondeu:
“Eu fiz isso (Eu renunciei) porque quis renunciar.”
 
Resumindo: “Quis renunciar, renunciei, ponto final!”
 
2- Eu fiz algo (no caso, o ato da renúncia foi o que ele fez).
 
Para completar o que fez, ele utiliza o pronome o.
Eu fiz o (o substitui o que foi realizado pela pessoa).
 
Quando unimos fiz mais o, eliminamos o z, escrevemos lo.
 
Fiz + o = fi-lo
 
O mesmo raciocínio explica a forma qui-lo:
Quis + o = qui-lo
 
3- Estudando a colocação dos pronomes átonos, a primeira coisa que aprendemos ressalta as denominadas palavras atrativas.
 
São palavras atrativas não, nunca, jamais, porque etc.
 
Essas palavras atraem o pronome.
 
Sendo assim, diremos:
Ela nunca me observa (o me fica antes do verbo, colado com o nunca).
Não escrevam “Ela nunca observa-me.” (o me depois do verbo).
 
Seguindo essa compreensão, a frase de Jãnio seria:
Fiz porque o quis (o deve aparecer antes do verbo, colado com porque, palavra que atrai o pronome).
 
Na frase original ela apareceu depois do verbo (sem sofrer a atração).
Simplificando mais ainda, a frase poderia ser:
“Fiz porque quis”
 
4- Se vocês compreenderam a explicação acima, se vocês gostaram da minha forma de explicar, se eu expliquei com clareza, peço licença para dizer que todo esse esclarecimento é uma grande bobagem.
 
Como assim?
Tolice!
Bobagem!
Perda de tempo!
 
A frase ficou famosa do jeito que Jânio disse.
Não merece correção nem retificação.
Esqueçam!

Se a frase pronunciada fosse “Fiz porque o quis”, que graça teria?
A polêmica nunca teria existido.
Aliás, esse texto também não existiria.
 
5- Há vários indivíduos inquietos.
 
Saem corrigindo aqui, lá, acolá.
Vivem querendo encontrar a forma perfeita das frases e palavras.
Sofrem, não dormem, não aproveitam os textos que lêem nem curtem suas criações literárias.
Só desejam apontar erros e acertos.
 
Ilmar, o que você está sugerindo?
Efetuar correções gramaticais é uma bobagem?
Você escreve sem verificar eventuais deslizes?
Por que aconselha algo que não faz?
 
6- É importante perceber que estou criticando o exagero da correção.
 
A pananóia, o excesso de atenção precisa desaparecer.
 
Quanto aos meus textos, tento ser impecável, pois o meu trabalho exige.
 
O que diriam se um professor cometesse deslizes?
Eu prefiro não correr o risco!
 
7- O professor de Português é um grande sofredor.
 
Vocês não!
Vocês são livres!
 
Ah! Se eu pudesse escrever à vontade, sem o peso do meu labor!
 
Sabem o que eu faria?
 
Eu esqueceria quase todas as vírgulas, não ligaria se escapuliu um ou dois acentos, mandaria certas concordâncias para o raio que o parta.
E as exceções?
Eu daria uma banana para as exceções.
Não perderia nem sequer um segundo analisando se tem crase ou não.
 
Eu brincaria com o texto, numa boa.
Se não estivesse combinando com as insuportáveis regras da Gramática, eu cantaria “Tô nem aí, tô nem aí, tô nem aí...”
 
8- Vocês que não possuem as chatas obrigações de um professor, não maltratem a mente com revisões e correções.
 
Vocês merecem a felicidade!
 
Eu adoraria dar um pontapé no complemento nominal, dar uma rasteira no predicativo do sujeito, dar um soco nos adjuntos adnominais ou adverbiais, trancar os apostos e vocativos num armário secreto, pagar uma viagem só de ida para todas as classes gramaticais sem esquecer de pôr fogo onde os hifens costumam descansar.
 
Ah! Se eu fosse livre!
 
Um abraço!
 
Ilmar
Enviado por Ilmar em 28/11/2013
Reeditado em 28/11/2013
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