CRIANÇA “ESFAIMADA”, “ESFAMEADA” OU “ESFOMEADA”?

Inicialmente queremos deixar consignado que, em nosso entender, não existe nada pior para a sociedade do que uma criança com fome, com frio, com dor, etc....

À luz da gramática normativa, tanto faz dizer e escrever criança “esfaimada”, criança “esfameada”, ou criança “esfomeada”.

ESFAIMADO – Do latim “fames” temos, entre outros vocábulos derivados, as formas FAMINTO e ESFOMEADO.

ESFOMEADO, por sua vez, sofreu hipértese [transposição de fonemas em diferentes sílabas dentro de um vocábulo], daí a forma ESFAIMADO.

Exemplo:

“Lá ia eu, ‘esfaimado’ de desenlaces, prazenteiro, ávido como os três dias de Colombo antes da América.” – (Raul Pompéia, O Ateneu, p. 111).

ESFOMEADO, por seu turno, é o nosso substantivo “fome”, ant. “fame” (latim “fames”, “famis”), que apresenta a permuta do “a” em “o” por influência da labiodental “f” e da bilabial “m”, daí a variante ESFOMEADO.

Exemplo:

“Se há criancinhas, como esta, ‘esfomeadas’? É o que eu quero saber.” (Eça de Queirós, A Cidade e as Serras, p. 282).

Obs.: Existem excelentes dicionários [Aurélio e Houaiss] que simplesmente não registram a forma “esfameada”.

Coisas da nossa intrigante e admirável Língua Portuguesa...

Para reflexão: “Aquele que aprende e não põe em prática o que aprendeu é como aquele que ara e não semeia.” — Saadi

David Fares
Enviado por David Fares em 07/12/2013
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