OBSOLETO [Ê] ou OBSOLETO [É]?

A vacilação do timbre [fechado ou aberto] desse adjetivo sempre causou confusão e alguma polêmica.

Antes da edição da 5ª e última edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – VOLP, apenas os dicionários indicavam a preferência pelo timbre fechado [ê], a par da pronúncia com o timbre aberto [é], típica de Portugal, e não muito usada no Brasil.

Entretanto, 5ª e última edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – VOLP colocou uma pá de cal sobre a polêmica, pois passou a admitir — a ter como boas e legítimas entre nós — os timbres aberto [é] e fechado [ê] para esse adjetivo [cf. p. 590]. Assim, com o advento da última edição do VOLP, tanto faz dizer aqui no Brasil: Este relógio é obsol[ê]to. ou Este relógio é obsol[é]to.

O imortal EVANILDO BECHARA — um de nossos mais respeitados gramáticos vivos —, em seu excelente e atualizado “Minidicionário da Língua Portuguesa”, Editora Nova Fronteira, S.A., 2009, p. 641, consigna expressamente, assim como o atual VOLP, que o vocábulo OBSOLETO pode, depois da “Reforma Ortográfica”, ser pronunciado com timbre fechado [ê] ou aberto [é].

LUIZ ANTONIO SACCONI, por sua vez, consigna que:

“obsoleto (como se pronuncia corretamente?)

Em Portugal se pronuncia com ‘e’ aberto; no Brasil, com ‘e’ fechado. Ocorre aqui, contudo, uma incoerência por parte dos brasileiros. Todos pronunciamos com ‘e’ aberto palavras com a mesma terminação: ‘Beto’, ‘completo’, ‘concreto’, ‘dileto’, ‘discreto’, 'feto’, ‘neto’, ‘quieto’, ‘repleto’, ‘reto’, ‘secreto’, ‘seleto’, ‘teto’, etc. Por que, então, pronunciamos “obsolêto”? Ninguém sabe.” (Não Erre Mais!, Editora Nova Geração, 30ª ed., 2010, p. 96).

Coisas da nossa curiosa e apaixonante Língua Portuguesa...

Para reflexão: “Conscientizar-se da própria ignorância é um grande passo para aprender.” — Benjamin Disraeli