UM INTELIGENTE E CULTO VOTO “VERSIFICADO” DE UM JUIZ
Pelo inteligente e culto teor do *voto que se segue [= *aquele que é dado dentro de uma decisão judicial colegiada], achamos por bem publicá-lo neste nobre espaço cultural. Pelo que soubemos, a elaboração desse inteligente e culto voto é atribuída ao Juiz Affif Jorge Simões Neto, da 2ª Turma Recursal Cível da Comarca de Santana do Livramento [RS], numa Ação de Indenização por Danos Morais. Trata-se, como se vê, de outro magistrado com “veia” poética.
“Este é mais um processo
Daqueles de dano moral
O autor se diz ofendido
Na Câmara e no jornal.
Tem até CD nos autos
Que ouvi bem devagar
E não encontrei a calúnia
Nas palavras do Wilmar.
Numa festa sem fronteiras
Teve início a brigantina
Tudo porque não dançou
O Rincão da Carolina.
Já tinha visto falar
Do Grupo da Pitangueira
Dançam chula com a lança
Ou até cobra cruzeira.
Houve ato de repúdio
E o réu falou sem rabisco
Criticando da tribuna
O jeitão do Rui Francisco
Que o autor não presta conta
Nunca disse o demandado
Errou feio o jornalista
Ao inventar o fraseado.
Julgar briga de patrão
É coisa que não me apraza
O que me preocupa, isso sim
São as bombas lá em Gaza.
Ausente a prova do fato
Reformo a sentença guerreada
Rogando aos nobres colegas
Que me acompanhem na estrada.
Sem culpa no proceder
Não condeno um inocente
Pois todo o mal que se faz
Um dia volta pra gente.
E fica aqui um pedido
Lançado nos estertores
Que a paz volte ao seu trilho
Na terra do velho Flores.”
Quanta sabedoria!