“NÃO TEM DÚVIDA” x “NÃO HÁ DÚVIDA”
Embora seja de rigor, na linguagem literária, o emprego do verbo HAVER por TER nas orações de sujeito indeterminado [“não HÁ dúvida”], a sentença [“não TEM dúvida”] é encontrada livremente na pena de exímios escritores, não só do Brasil como de Portugal.
É possível que esse tipo de construção advenha do subentendimento do sujeito.
Exemplos:
“— Pois, não é, não; mas que ela o conheceu, isso é que ‘não tem dúvida’. Coitada! aquilo é uma santinha!” (Camilo Castelo Branco, “A Bruxa de Monta Córdova”, p. 208).
“É com minha sobrinha, André, ‘não tem dúvida nenhuma’; e está bem falado; olé, se está!” (Antônio Feliciano de Castilho, “Mil e Um Mistérios”, I, p. 73).
“— ‘Não tem dúvida’, nós esperamos ...” (Eça de Queirós, “Os Maias”, II, p. 265).
Coisas da nossa apaixonante e inigualável Língua Portuguesa...
Para reflexão: “Não há arrogância mais insolente do que a da ignorância quando se presume de sábia.” — Carlos Malheiro Dias