O USO DO PRONOME “SI” NA SEGUNDA PESSOA [CURIOSIDADE]

No Brasil, exclusivamente quando sujeito da oração é que o pronome de tratamento admite os reflexivos “SI” e “CONSIGO”.

Exemplos:

Você não resolve nada POR SI.

O Senhor confia EM SI mesmo.

Trouxe Vossa Alteza o príncipe CONSIGO.

Vossa Senhoria chamou A SI o problema.

Vossa Reverência tratará DE SI próprio.

Vossa Majestade falou PARA SI, não para os súditos.

Em Portugal, porém, grandes escritores e a própria massa popular simplesmente NÃO atribuem reflexividade ao pronome “SI”.

Exemplos:

Ele PENSOU EM SI, Filisbina.

Ontem, meu amigo, FALARAM-ME DE SI.

IREI CONSIGO, doutor Ludêncio.

BRIGUEI POR SI, Craquilda, porque a caluniaram.

Receba o presente: MANDARAM PARA SI.

ENTREGUE A SI, Leudegunda, isto fica melhor.

Note-se que tal uso ainda é considerado solecismo no Brasil. Nada obstante, de quando em quando o ouvimos, conquanto a pessoas de cultura muito modesta. Manejam-no, às vezes, autorizados escritores pátrios. Não o aceitam nossos gramáticos. Mas o caso tem explicação.

No primitivismo de seu raciocínio, concluiu o povo: se “CONTIGO” corresponde a “TU”, “CONSIGO” corresponde a “VOCÊ”.

A lei das analogias é uma das leis mais poderosas da linguagem.

Não nos espantaremos se, amanhã, o “SI” na segunda pessoa conseguir total aprovação no Brasil ...

Coisas da nossa adorável Língua Portuguesa...

Para reflexão: “Ensinar é aprender duas vezes.” — Joseph Joubert

David Fares
Enviado por David Fares em 06/04/2014
Reeditado em 06/04/2014
Código do texto: T4758253
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