O USO DO PRONOME “SI” NA SEGUNDA PESSOA [CURIOSIDADE]
No Brasil, exclusivamente quando sujeito da oração é que o pronome de tratamento admite os reflexivos “SI” e “CONSIGO”.
Exemplos:
Você não resolve nada POR SI.
O Senhor confia EM SI mesmo.
Trouxe Vossa Alteza o príncipe CONSIGO.
Vossa Senhoria chamou A SI o problema.
Vossa Reverência tratará DE SI próprio.
Vossa Majestade falou PARA SI, não para os súditos.
Em Portugal, porém, grandes escritores e a própria massa popular simplesmente NÃO atribuem reflexividade ao pronome “SI”.
Exemplos:
Ele PENSOU EM SI, Filisbina.
Ontem, meu amigo, FALARAM-ME DE SI.
IREI CONSIGO, doutor Ludêncio.
BRIGUEI POR SI, Craquilda, porque a caluniaram.
Receba o presente: MANDARAM PARA SI.
ENTREGUE A SI, Leudegunda, isto fica melhor.
Note-se que tal uso ainda é considerado solecismo no Brasil. Nada obstante, de quando em quando o ouvimos, conquanto a pessoas de cultura muito modesta. Manejam-no, às vezes, autorizados escritores pátrios. Não o aceitam nossos gramáticos. Mas o caso tem explicação.
No primitivismo de seu raciocínio, concluiu o povo: se “CONTIGO” corresponde a “TU”, “CONSIGO” corresponde a “VOCÊ”.
A lei das analogias é uma das leis mais poderosas da linguagem.
Não nos espantaremos se, amanhã, o “SI” na segunda pessoa conseguir total aprovação no Brasil ...
Coisas da nossa adorável Língua Portuguesa...
Para reflexão: “Ensinar é aprender duas vezes.” — Joseph Joubert