OXÍMORO - III - Trecho, no texto de uma jornalista.


"Milênios tecem a fortuna desse oxímoro, indigitando atos vis: covardia do guerreiro, violência do demagogo, malefícios do tirano, blandícia da massa."

Não podemos dizer que a colunista está errada em escrever oxímoro em lugar de oximoro, e ainda há uma terceira forma oximóron. Mas quase não é usada no Brasil. O conveniente é escrevê-la como uma paroxítona, que é a forma mais corrente. Embora para mim soe mais agradável a forma oxímoro uma proparoxítona.
A palavra engana. A tendência é pensar que é proparoxítona, com acento na sílaba "xi". Na verdade, é paroxítona. Por isso, não é acentuada:

Na frase proposta, a autora sugere que as características dos tais atos vis seriam oxímoros históricos. Resta saber o que é o tal "oximoro ou oxímoro"

Na definição do "Houaiss", é uma "figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão". O dicionário dá estes exemplos, que falam por si: "obscura claridade", "música silenciosa".

Professores de português exercendo seu ofício, lecionam em aula e nos livros que o oxímoro também é um paradoxo. (Do grego paradoxon, de para, contra + doxa, opinião - Contraditório; opinião contrária ao comum; contra-senso...)

Um curiosidade. Há uma outra forma de escrever a palavra: é oximóron. Mas quase não é usada aqui no país. Origem:
O texto abaixo é da Wikipédia, a enciclopédia livre.

Oximoro, oxímoro, oximóron ou paradoxismo (do grego, composto de "agudo, aguçado" e "estúpido" ) é uma figura de linguagem que consiste em relacionar numa mesma expressão ou locução palavras que exprimem conceitos contrários, tais como festina lente ("apressa-te lentamente"), "lúcida loucura", "silêncio eloquente" etc. Trata-se duma figura da retórica clássica. Dependendo do contexto, um oximoro pode ser considerado um vício de linguagem.
Dado que o sentido literal de um oximoro (por exemplo, um instante eterno) é absurdo, força-se o leitor a procurar um sentido metafórico (neste caso, um instante que, pela intensidade do vivido durante o mesmo, faz perder o sentido do tempo). O recurso a esta figura retórica é muito frequente na poesia mística e na poesia amorosa.
Exemplos
inocente culpa
gelo fervente
declaração tácita
ilustre desconhecido
guerra pacífica


Este soneto de Luís de Camões é construído com oxímoros:
      
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

O oxímoro, cai muito bem na poesia. É antes de tudo uma figura de retórica clássica. (Na antiguidade a arte da eloquência, hoje na prosa é mais sinonímo de (pej.) afetação de eloquência.
)

N:- Os textos foram escritos sem prejuizo um  dos outros, mas recomendo a leitura dos três, para uma informação mais completa. 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 17/08/2014
Reeditado em 17/08/2014
Código do texto: T4926633
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